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terça-feira, 18 de junho de 2019

Do jornalista Souto Gonçalves - QUE EGOCENTRISMO IMPERDOÁVEL!


QUE EGOCENTRISMO IMPERDOÁVEL!
[A propósito de um post]

Diz o Constantino Silva que a Inspeção Regional das Pescas vai para Rabo de Peixe. Resta saber porquê. Como também seria bom perguntar por que é que a sede da Atlânticoline é no Faial e o seu presidente trabalha em São Miguel, tal como era de bom tom questionar a razão pela qual, depois de Adolfo Lima, os secretários regionais da Agricultura, Pescas, Florestas e Ambiente (sectores que durante largos anos estiveram ou estão sob a alçada de um departamento governamental sediado na Horta) montaram um gabinete pessoal em Ponta Delgada. É despiciendo lembrar que, se a memória não me atraiçoa, todos eles tinham ou têm residência em São Miguel?

Já o disse anteriormente: parece ter-se tornado moda achincalhar o Faial. E quando a crítica se torna destrutiva, refina-se e traz o Pico à baila para espezinhar o lado oposto do Canal. A quem é que isto aproveita? Aos inimigos destas duas ilhas-irmãs, que tudo perdem desunidas e muito ganhariam se se aproximassem mais.

O Pico deixou de ser a Ilha do Futuro e vive um presente que ninguém de boa-fé pode deixar de querer que seja auspicioso. E o Faial atravessa tempos de dificuldade. Mas é necessário que o verdadeiro progresso de uma ilha seja alcançado à custa do retrocesso de outra? Não.

Tirando raras e desonrosas exceções o Faial e o Pico estimam-se e vivem em paz, sem que isso signifique que ainda persistam assimetrias, com maior prejuízo para a Ilha Montanha.

Agora, o que me parece estranho é que venha gente de outras bandas meter a colher no assunto para exaltar o mérito picoense e verberar o mau bocado que os faialenses atravessam. A intenção não é boa, com toda a certeza.

O Faial viveu os seus tempos áureos e teve-os porque, parafraseando José Decq Mota, a Natureza nos presenteou com um porto abrigado. Foram, porém, os faialenses que quiseram e souberam dar valor a essa dádiva. Somos pequenos, é verdade. Contudo, «a mais alegre, a maior cidade pequena do mundo» (Pedro da Silveira) conseguiu ocupar o seu lugar na História e não foi por causa do que lhe tiraram os centralismos de aquém e além-mar, senão pelo trabalho dos que cá estiveram e permanecem. «Não queremos viver pendurados no passado, mas também não vamos aceitar que nos tirem tudo agora» (Carlos Morais).

Por alguma razão o Faial está hoje no centro do alvo para alguns arautos da maledicência, porque os que se julgam grandes nunca admitiram que os pequenos também se podem agigantar. Que egocentrismo imperdoável!

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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