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sábado, 29 de junho de 2019

Recordando crónicas passadas - Sambódromo aos pés do rei Roberto Carlos


Sambódromo aos pés do Rei Roberto Carlos

Aconteceu no desfile da Beija-Flor

Por: Carlos Alberto Alves

O sabor do carnaval para todos os gostos e paladares. É assim em torno do maior Carnaval do mundo, aquele que é vivido com transbordante alegria, tão peculiar do povo brasileiro, nomeadamente os cariocas que, mau grado o que aconteceu em relação a três escolas, Grande Rio, Portela e Ilha do Governador – o incêndio no edifício da Liesa -, voltaram a encher literalmente a Marquês de Sapucaí, a mais vistosa sala de visitas do Carnaval brasileiro.

Esta edição de 2011 contou com um especial condimento, o facto da Escola Beija-Flor, no seu samba-enredo, homenagear o nosso King Roberto Carlos, que, como se sabe, completou 50 anos de carreira com pompa e circunstância. Mas, em Sapucaí, mais uma noite de sumptuosidade para o King que, de acordo com as suas próprias declarações, ficou ainda mais prestigiado com esta honrosa preferência da Beija-Flor. Digamos que, na noite de segunda para terça-feira, dois acontecimentos de relevo, isto é, a disputa do título pelas escolas de samba do grupo especial e a presença do King Roberto Carlos com todo o seu staff e demais convidados. Ao cabo, e para não se fugir ao tema corrente, uma noite de grandes EMOÇÕES. Aliás, na véspera momentos exuberantes com a presença de Ronaldinho Gaúcho desfilando na Marquês de Sapucaí. Mas este nunca chegará a Rei. Nem por lá perto. Sempre foi sambando para alegria dos muitos flamenguistas que assistiam à passagem das escolas de samba, ou seja, a abertura do grupo especial.

Ainda no que concerne ao dia anterior (domingo), deu para perceber que, competitivamente falando, iríamos ter um grande equilíbrio, com a incógnita a pairar, servindo de paradigma a beleza apresentada pela Escola Imperatriz com o tema MEDICINA, salientando-se a bateria (250 elementos) que deu um autêntico show.

Mas, para as escolas azaradas, de que já falamos, este foi o Carnaval da superação, timbre dos cariocas com todo o seu pundonor. Por isso mesmo, o público teve um carinho muito especial por essas mesmas escolas. Muita garra, muita determinação, bem espelhadas na actuação da Portela, toda blue, apesar de mais uma nota de aziago com o problema de um carro que, à saída, ficou parado. E, de novo, a superação da escola que mais vezes foi campeã do Carnaval carioca. Mas quem arrasou foi a Escola da Tijuca, forte candidata para revalidar o título.

O King Roberto Carlos esteve presente no Sambódromo, não para “espiar”, mas tão somente para apreciar esta bela cultura popular, sempre ligada ao povo brasileiro. E de ano-para-ano vivida com uma impressionante intensidade.

Noite amena e entusiasmo ao rubro

Depois de uma manhã duvidosa, na sequência de alguns chuviscos que caíram, a noite acabou por ser amena para o desfile, para gáudio dos milhares de espectadores que encheram literalmente a Marquês de Sapucaí. E outra coisa não era de esperar, em função das escolas que iriam desfilar, fechando com a Beija-Flor, rodeada de enorme expectativa, já se constituindo um paralelismo em relação à Unidos da Tijuca que, na noite anterior, arrasou em todos os aspectos. Daí que, mais uma vez, a Unidos da Tijuca reuniu grande dose de favoritismo para revalidar o título. Mas, óbvio, que as opiniões também se dividiram, isto em relação à Beija-Flor, capaz de contrariar as previsões mais optimistas no que respeita ao ceptro de campeã rumar de novo para o seio dos tijucanos.

Ilha do Governador, Salgueiro, Mocidade Independente, Grande Rio e Porto da Pedra, desfilaram com aquela esfuziante alegria que caracteriza este evento. Naturalmente que existem as chamadas facções, divididas por todas as escolas. Como se diz na gíria futebolista, as torcidas de apoio. E qual a escola que desfruta de maior número de apoiantes? Já fiz esta pergunta a várias pessoas, mas ninguém é capaz de responder com precisão. Também creio que é difícil.

A noite em que Roberto Carlos esteve ao lado da Beija-Flor

Muita ansiedade pela hora da passagem pela Marquês de Sapucaí da Escola Beija-Flor. Mas, infelizmente, umas horas antes começou a chover, mas nem isso arrefeceu o clima de emoções que se vivia no Sambódromo. Já havia passado por isso quando, há dois anos atrás, assisti ao desfile das campeãs. Muita chuva e ninguém arredava pé.

Antes de entrar no âmago do desfile da Beija-Flor, não podia deixar de registar aqui um aceno de grande simpatia às escolas sinistradas do incêndio que há um mês atrás deflagrou nas instalações da Liesa. Tocou fundo a forma em como superaram as dificuldades para estarem presentes no Sambódromo, com muita alegria e lágrimas à mistura. E não era para menos.

Curiosamente, na hora marcada para a escola de Nilópolis entrar em cena parou de chover, apesar de o piso estar escorregadio.

Muita confiança na Beija-Flor em função do piso que, na verdade, não estava nas melhores condições. Uma Beija-Flor cheia de estrelas, com muitos artistas que cantaram Roberto Carlos. E não faltaram a Hebbe Camargo, Wanderléia, Fafá de Belém, Roberta Miranda, Paula Fernandes, Alcione, o Zico (que afirmou que a Beija-Flor ficou na “cara do golo”) e tantas outras gradas figuras do meio artístico brasileiro. Enfim, o Sambódromo aos pés do Rei Roberto Carlos. O Rei feliz, emocionado com tudo o que estava à sua volta. E milhares de rosas foram distribuídas pela Beija-Flor.

Às 5H10 Neguinho da Beija-Flor dá o pontapé-de-saida. Arrancou em grande a Beija-Flor de Nilópolis. Era, ao cabo, o princípio das muitas EMOÇÕES que se seguiriam. Desfilar com garra, o lema da Beija-Flor, isto tendo em conta o óleo que estava na pista.

Com uma entrada de rompante, a Beija-Flor, às 5H20, acordou todo o Brasil e fez delirar os sessenta mil que estavam no Sambódromo. E qual foi o meu pensamento de imediato? Vamos conquistar o décimo-segundo título. Foi mesmo de arrepiar. Fui levado pelas ondas das EMOÇÕES. Era difícil contê-las.

Um enredo especial, um enredo histórico. O Rei merecia esta enorme manifestação popular, para juntar a tantas outras da sua longa carreira. E aquele rádio? Parecia o meu quando comecei a ouvir Roberto Carlos através dos discos pedidos. Que recordações, que momentos de ternura. E ninguém arredava pé. E que movimentações de alegria nas arquibancadas. Indescritível. É caso para se voltar à carga: “Vive Le Roi”, rodeado de grandes personalidades e milhares de populares que o veneram.

Que bonitinho estava o Erasmo Carlos no carro da Jovem Guarda, que com ele conviveram no início da sua carreira, convivência essa que se prolongou até aos dias de hoje.

E com isto, o que dizer? Isto mesmo: Roberto Carlos a simplicidade de um Rei. Todo o seu percurso foi retratado neste desfile. O menino que foi apelidado de Zunga. Dunga não, este também nunca chegaria a Rei.

E não faltou o Splish Splash para alegrar a malta. O nosso Splish Splash foi na carona da Globo. Não deixamos de estar presentes. Quanto ao resto...

Roberto Carlos considerou uma emoção infinita antes de entrar na pista num carro especial. E quando ele acenou para a multidão, foi o grande momento de clímax. Que emoção, que coisa linda. Não há mais palavras. Aperta coração, aperta.

Em suma: com figurantes e espectadores, cerca de 70 mil cantaram Roberto Carlos.

“Vive Le Roi”!!

Afinal, foram tantas as EMOÇÕES.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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