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terça-feira, 16 de julho de 2019

Da Califórnia de Filomena Rocha no Portuguese Tribune


Água Viva

Uma História De Cem Anos  

Esta, não é uma história qualquer! - Nem sequer é daquelas histórias que começam simplesmente com a frase “Era uma vez…” como nos contos de Fadas. 

Esta história nasceu num Altar de oração a Deus, e construída de raíz, como tudo o que leva sólidos alicerces, não só de pedra e cal, mas de espiritualidade, como promessa feita de Fé e entre-ajuda e talvez também de conversão.                                                                                                   
Como tantos sacerdotes que outrora saíram das suas terras, não só com a finalidade de propagar a Fé, mas também de ensinar a ler e a escrever, com a diferença, de que este, sem saber uma palavra de Inglês, veio continuar a ensinar na sua língua materna, os compatriotas que tinham necessidade de ouvir a Palavra de Deus no idioma do país que haviam deixado para trás. 

Se nos nossos dias, fazemos orações especiais pelas vocações sacerdotais, parece que naquele tempo essas abundavam de tal modo,  que mesmo que eles saíssem para o estrangeiro, ninguém achava que faziam falta. E se não fosse assim, como iriam os nossos emigrantes Portugueses perpectuar esse idioma tão sentido como a Saudade?!

Em boa hora, veio da Ilha do Faial o Monsenhor Henrique Augusto Ribeiro, ainda jovem, mas pessoa de muita crença, vontade, e um grande amor a Deus e à Pátria Portuguesa. 

Ao chegar a esta cidade de San Jose da California, completamente diferente da que é hoje, Monsenhor Henrique Ribeiro teve logo a ideia de que tudo seria fácil, se todos juntos pela mesma causa se reunissem no sentido de erguer um outro Púlpito para a voz ainda apagada dos Portugueses e decidiu trabalhar a sério, reunindo-se de pessoas capazes de caminharem em frente com projectos relevantes para a dignificação do povo que nunca mais o deixou de ajudar em todos os aspectos.

Outros Imigrantes de diversos países também se quiseram associar ao empenho e dedicação dos Portugueses, assim como aos trabalhos árduos porque passou a nossa gente, e muitos contribuíram para o efeito, mas nenhum outro povo permaneceu tão coeso como o nosso. Muitos paroquianos, tal como no passado, frequentam outras igrejas, porque moram mais próximos delas, mas no fundo do seu coração, a Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas, é a que lhes fala ao sentimento, sobretudo ao gosto das Ilhas, pelas tradições que ainda se mantêm, desde o Divino Espirito Santo, no ultimo fim-de-semana de Junho, na vizinha Irmandade do Espirito Santo, às procissões com imagens dos Santos que ressaltam à vista nos altares e nichos da nossa lindíssima Igreja.

Muitos foram os sacerdotes que aqui disseram Missa, realizaram as festas, quase todos com agrado e devoção, ainda que muitas vezes exaustos das cansativas cerimónias, sempre deixaram o seu cunho de respeito pela nossa crença e devoção, nem sempre compreendida por outros credos, que até nos batem à porta de vez em quando.  

Nesta Festa centenária, que deve ser de todos, não escrevo uma Água Viva, para apelar ao Voto! Também, a história da nossa Igreja, já foi contada e documentada em livro, pelo casal Miguel Valle Ávila e Lúcia de Fátima Soares. Mas nesta edição do nosso Quinzenário Tribuna, Espelho da Nossa Comunidade, gostaria de que, como ex-Secretária, Arquivista, Coordenadora de Casamentos durante 13 anos, e actualmente cantora com o meu marido Manuel Mendes no terceiro Domingo de cada mês, nesta Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas, apenas gostaria (repito) de deixar aqui, os meus votos de Felicidades, não só à nossa Igreja, mas ao nosso Pastor, Tony Silveira, e a todos os Paroquianos, para que não se esqueçam de continuarem juntos e amigos, como há Cem Anos, neste projecto que pode prevalecer além do tempo, de geração em geração, como numa Familia cujos laços de sangue se descobrem pelo ADN, mas também pela Fé, pela consistência, pelo Amor, Amizade e Paz, tendo Cristo como Guião.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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