NÃOPOTISMO
Não sejamos injustos. A discussão sobre se um presidente da
República nomear um filho embaixador constitui nepotismo ou não toma um rumo
indesejável, agravado pela ignorância ou a má-fé. Muitos não sabem, ou fingem
não saber – ou, ao contrário do filho do presidente, não conhecem outra língua
além do português – que a palavra “nepote” é italiana, significa “sobrinho” e
ganhou conotação política com o costume dos papas antigos de presentear
parentes com poder, ou nacos de poder, uma prática que ganhou o nome de “nepotismo”.
Os críticos do
presidente não aceitam os argumentos dos que o defendem lembrando que – como é
um presidente diferente, com um estilo só seu e hábitos incomuns como o de
treinar tiro ao alvo mirando o próprio pé – não se poderia esperar que fosse um
presidente comum.
Também não devemos esquecer que o
homem que hoje diz que um presidente nomear um filho embaixador não é nepotismo
é o mesmo que disse que não houve ditadura no Brasil, uma opinião também
ridicularizada, na época, mas que provou ser a mesma de 60 milhões de eleitores
brasileiros, desagravando o presidente.
Para responder aos seus críticos,
o presidente poderia recorrer à ironia e também ridicularizá-los, lembrando que
– como a ditadura – a prática de nomear parentes nunca existiu no Brasil,
portanto o que existe é o que poderia ser chamado de “nãopotismo”. Ou então, já
que só pode ser coisa de comunista tentando ressuscitar a esquerda, de
“neopetismo”.
Ou o presidente pode
contra-atacar e desafiar seus críticos a encontrar um exemplo, na sua
administração – apenas um, em todos os ministérios, em todos os partidos da sua
base, entre todos os chefes de gabinetes e auxiliares de escritório, e todos os
parlamentares que o apoiam, entre ascensoristas, motoristas, faxineiras,
telefonistas, cozinheiras, empregados, animais de estimação, membros da sua
família – apenas um sobrinho do papa.
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