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domingo, 21 de julho de 2019

Dois Almeidas com Francisco


Tenho acompanhado, de uma forma regular, através das notícias veiculadas nos jornais da região, designadamente os terceirenses, a situação periclitante em que se encontra o Sport Club Lusitânia, que foi um velho senhor do futebol das ilhas. 

Agora, mau grado o seu brilhante historial, não passa de um clube com o seu quê de vulgaridade, face aos problemas vividos em torno da coletividade, problemas esses que são do domínio público. 

Um clube por onde passaram grandes figuras da sociedade angrense, como, aliás, aconteceu com outros concorrentes, nomeadamente o Sport Club Angrense, este a viver um momento de grandeza pela sua subida ao segundo escalão do futebol nacional, por onde o Lusitânia passou e foi, há que dizê-lo, o primeiro a atingir esse patamar. Depois, surgiu o Santa Clara que se catapultou para o máximo degrau do futebol português. Ainda hoje, manda a verdade dizer (e sem discutirmos aqui apoios), é o clube mais representativo da região açoriana. 

Mas, voltando ao Lusitânia, das pessoas que sempre o veneraram, temos dois Almeidas com Francisco, ou seja, o nosso Francisco Almeida que sempre animou o sector da bancada onde se encontrava sentado, com a sua frase incentivadora “essa bola prá baliza, verdes!”. Digamos que esta será sempre a “voz da saudade”, inclusive se o Lusitânia, infelizmente, fechar a porta, como se apregoa. Aliás, ao concretizar-se esse cenário, que muitos lusitanistas dizem de provável, o futebol açoriano perderia um dos seus expoentes máximos. E creio, sem sombra de dúvidas, que este Francisco Almeida teria um dos maiores desgostos da sua vida. O melhor será mesmo esperar por melhores dias e acreditar que a dívida do clube pode ser solucionada, tarefa extremamente difícil (mas jamais impossível) para quem lá estiver na condução dos seus destinos. 

O outro Francisco Almeida, falecido recentemente, foi uma pessoa de uma conduta exemplar e, profissionalmente falando, um militar digno. Foi, a par de José Gabriel Fragoso e outros, um dos mais carismáticos dirigentes do Lusitânia. Com ele, chegamos a trabalhar, quer como treinador quer como funcionário, e a nossa relação foi sempre de respeito mútuo. E mais: quando tinha alguma dúvida, sempre me procurou, sobretudo em assuntos ligados intrinsecamente à Federação Portuguesa de Futebol. Por conseguinte, o falecido Tenente-Coronel Francisco Almeida, como dirigente foi das pessoas marcantes no panorama futebolístico regional e o Lusitânia tem que se orgulhar de ter tido no seu seio uma pessoa tão extraordinária, prenhe de coerência e de motivação para fazer do seu clube do coração uma referência ao nível nacional. 

Hoje, com estes dois Almeidas, Franciscos, pessoas que sempre viveram o Lusitânia com verdadeira alma. Saúde para o Tio Francisco e, por outro lado, que descanse em PAZ o já nosso saudoso amigo, Francisco das Neves Almeida. 
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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