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terça-feira, 16 de julho de 2019

Recordando crónicas passadas - O morto vivo


O MORTO VIVO

Carlos Alberto Alves

Quando vou caminhar, logo pela manhã, peço sempre a Deus que me dê saúde. Peço também a Nossa Senhora de Fátima, minha madrinha do batismo, que não se afaste de mim, que me mantenha fiel à minha maneira de ser e que, sobretudo, a minha capacidade intelectual continue incólume para eu manter essa chama bem acesa, isto é, escrever, o que mais gosto de fazer. E já lá vão 46 anos de jornalismo, que me catapultou para uma alta roda que, confesso, não estava nas minhas cogitações iniciais. Mas a maturidade que adquiri ao longo do tempo e, fundamentalmente, as viagens que fiz ao estrangeiro, proporcionaram uma experiência que é imprescindível em toda e qualquer profissão. Eu penso assim. O jornalismo, por si só, dá azo a que se conheça muita gente e, assim, se constrói um aquilatável núcleo de amigos, reforçando-se também as amizades granjeadas no tempo da infância e que foram mantidas ao longo do percurso profissional. 

Hoje mesmo, quando alinhavava esta matéria, recebi um convite, provindo dos Estados Unidos, da minha querida amiga Maria João Ávila, para fazer parte do grupo “Vamos salvar a casa de Amália Rodrigues no Brejão”. A idéia pode ser uma loucura, mas, quem conheceu a D. Amália, sabe que ela jamais queria que a casa do Brejão desaparecesse. Por isso, porque não metermos mãos à obra? Afinal, aqui fica o desafio para todos nós que conhecemos Amália Rodrigues. Eu, em matérias anteriores, falei de Amália, cheguei, inclusive, a reproduzir uma entrevista que lhe fiz em 1968, quando ainda engatinhava no jornalismo. 

Ligando o fio à meada, aqui me debrucei sobre amizades. Hoje sinto que essas mesmas amizades não se esfumaram, quando se sabe que estou no Brasil há seis anos. Por estes dias, constatei isso, após a tragédia que enlutou o Rio de Janeiro e Niterói. Muitos foram os emails que recebi, de Portugal, dos Estados Unidos, do Canadá, enfim, de muitos lugares onde lá se encontram amigos meus. 

Mas, nestas situações, há sempre quem exagere e, no meio de tudo isto, surge sempre um falso boato. Um companheiro meu, que reside na zona de New Jersey, que me acompanhou na minha última deslocação a New York onde efetuei a cobertura da maratona da cidade, enviou-me um email ao saber que, por intermédio daquela personagem que referi, a Maria João, eu estava vivo. E isto porque alguém lhe informou que (sic) “eu tinha morrido”. Não morri meu amigo, ainda estou vivo. Sei que o meu dia chegará. Estou preparado para isso. Mas, até a este dia, 10 de Abril, ainda estou bem vivo, totalmente lúcido, graças a Deus e a minha madrinha, Nossa Senhora de Fátima.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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