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quarta-feira, 31 de julho de 2019

Recordando crónicas passadas - PAÍS VIOLENTO E QUE PROTEGE CRIMINOSOS MENORES


PAÍS VIOLENTO E QUE PROTEGE CRIMINOSOS MENORES

Quando zarpei para o Brasil em 20 de agosto de 2004 fui parar à pacata cidade de Carmo, Estado do Rio de Janeiro, com cerca de 20 mil habitantes. Ouvia falar do Brasil que era um país perigoso, sobretudo nas zonas das favelas, comentando-se muito nesse sentido em relação às maiores cidades do país, Rio de Janeiro e São Paulo. Na verdade, só me apercebia do que acontecia através da televisão, mas sem aquele enorme aparato que se dizia por fora. Porém, com o decorrer dos anos, isto é, de 2004 a 20015, contatou-se que o índice de violência e consequente mortalidade aumentou gradualmente, sendo um motivo de forte preocupação para as populações. Eu, pessoalmente, nos anos que passei no Rio de Janeiro e em Niterói, por exemplo, nunca assisti a assaltos e/ou mortes motivadas por ações desse género. Só uma vez em Niterói, em pleno dia e numa artéria muito movimentada (Rua da Conceição) um moleco tentou me intimidar com uma pistola de brinquedo. Reagi e o moleco acabou por fugir na companhia de outro comparsa que o aguardava na esquina rua em direção a uma favela próxima.

Hoje, quem assiste aos programas diários das tevês Bandeirantes (Brasil Urgente) e da Record (Cidade Alerta) se apercebe do enorme grau de violência porque passa o Brasil. É de mais. Já ninguém consegue ter aquela tranquilidade de tempos de outrora. E o mais cruel de tudo isto é que, em cada assalto, em cada morte, estão sempre envolvidos alguns menores que têm a proteção da justiça. Matam e vão para uma casa de educação por um período de três anos. Logo que saem voltam à criminalidade. E a polícia e os próprios juízes nada podem fazer porque as leis do país são arcaicas e os governantes de Brasília nada fazem para alterar este sistema de assustadora criminalidade. E não é por mero acaso que há muita gente que gostaria de abandonar o país. Só não o fazem, na sua maioria, por falta de possibilidades. A situação é de todo insustentável. As mortes diárias são constantes e, claro, com a envolvência de menores, os tais protegidos por uma lei que não faz sentido algum. Mas para esses tais governantes está tudo bem. Para eles, o país navega em águas calmas. Para eles, é assim. Para o cidadão comum, ao invés, no seu espírito paira sempre o salve-se-quem-puder. Para quando a revisão da lei que abrange a já célebre (e triste, convenhamos) proteção aos de menor idade? Será mesmo que a politicada deste Brasil está de costas voltadas para os cidadãos que os elegem e que pretendem urgentemente que se mude este estado de coisas? Na verdade, em Brasília seriam necessários, para o efeito, mais de 500 Romários.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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