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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Da Califórnia de Filomena Rocha no Portuguese Tribune - Água Viva


ÁGUA VIVA - A Nossa Vida Por Um Fio!

Sempre gosto de escrever, escutando um pouco de música, calma e serena, de preferência ligeira, para não adormecer nos assuntos, neste caso. Até porque sempre me lembro da minha querida e saudosa mãe, quando era para começar os afazeres da casa, sempre dizia que não devíamos cantar fado, ou baladas, porque o ritmo era demasiado lento e não ajudava a despachar serviço. E ela tinha razão,

Mas hoje, dou comigo a escrever ao som da Pink Panther, ou seja a Pantera Cor-de-Rosa! Incriível, E apenas porque o meu marido estava a ver algumas passagens da série, e a música de Henri Mancini sempre de suspense e mistério, me cativou! Talvez também porque ùltimamente vivemos num continuo suspense, em assuntos que acontecem na América e que pràticamente nos deixam a vida por um fio.

Na realidade, têm-se passado coisas que nem ao diabo lembram, ou então ele anda mesmo a tomar conta desta população americana, e da que chega de todas as partes da América Latina, mas a que toda a gente chama de “Mexicanos”. Falam a mesma língua, todos se parecem entre si e entram pela mesmas fronteiras. 

Se já existem 12 milhões de indocumentados, a quem lhes chamam de ilegais; com mais esta avalanche, chegada recentemente, e que ninguém consegue parar, serão muitos mais!

Que se pode fazer com tanta gente, é uma pergunta que todos fazem. e essa foi a pergunta que o Presidente do Pais fez. Não é só abrir a porta e dizer como na gíria se diz, nas nossas Ilhas: "Entrem vocês! Da porta para dentro, tudo são camas!” - Seria bom que assim fosse! 

Tão pouco, podemos nem devemos gritar: Fuzilem! Matem! - Que raio de civilização é esta em que estamos inseridos? - se um diz “mata”, o outro logo diz: “esfola”! E agora? O que afinal podemos fazer, quando os milhares de Migrantes nos batem à porta, estejam ou não no seu direito? O mundo é de todos! Todavia, as fronteiras existem. E em boa verdade, foi dito e muitas vezes, que os que chegassem, iriam para trás, Foi, ou não foi assim? Ninguém quis acreditar! e caminharam aos magotes, a pé, de camioneta, de carroça e de qualquer maneira, fizeram-se chegar com crianças ou sem elas, às fronteiras. A maioria não traz documentos. Os filhos, acabam por ser os seus documentos, as suas testemunhas principais, as suas impressões digitais. 

Olhamos para a Europa e que vemos? - gente migrante, saindo de todos os lados! Homens, mulheres grávidas, crianças, bebés de colo, velhos e novos doentes de cansaço. indescritível! A pé por terra, por mar nadando e em balsas ou barcos de 4 tábuas que se transformam em caixões de tanta gente de esperanças vagas, porque já quase ninguém os acode. 

Fecham-lhes as portas. como fizeram ao Nazareno, em circunstâncias diferentes, mas quase as mesmas! Não há lugar para o pobre, o desamparado… A mui católica Itália nega-lhes abrigo; a buliçosa e romântica França também não os aceita! E neste triângulo paisagístico, resta Portugal, que mesmo pequeno, e não rico, sente-se amoroso e dá a mão, mais uma vez aos mais necessitados!  

Fica tanto por dizer, por falar… nos tiros à queima-roupa, dados por gente sem juízo, ou de pouca sensatez. 

É muito o armamento sem controlo, nas mãos de pessoas que nem valorizam o perigo e a força das armas em relação ao ser humano.

O Mundo está a ficar uma habitação para idiotas, atrasados mentais que acham que o Dinheiro compra tudo, vence tudo, mesmo tendo a própria vida presa por um fio!    

ÁGUA VIVA - Levantar Vôo… 

Partir para muito longe!…….. - Muitos de nós dizemos, quando as coisas da vida não correm tão bem como desejamos. Mas, será que alguma coisa é mesmo perfeita? - Não creio! Mesmo assim, todos tentamos ultrapassar. Mas ultrapassar o quê? - A verdade, a mentira, a hipocrisia do mundo em que vivemos! O mundo incerto e até cruel que nos oferecem os políticos de meia tigela sobretudo quando se vêem em campanha eleitoral, às vezes com um sorriso cínico no rosto, brilhante de maldade, como quem já sabe o que se vai passar por dentro da vida de cada um. Custa a crer, mas é verdade! Já os tenho visto como doçuras, e de doces por dentro do rosto nada têm. 

Mas não é só isso que me faz querer levantar vôo. Também os preços com que nos debatemos quase todos os dias, quando vamos às compras para trazer, não o mais caro, mas o mais necessário que, na maioria das vezes é o que custa mais. 

Se eu recuar no tempo, então sim, difícil será compreender como tudo mudou. Bem sei que já se passaram uns aninhos valentes, mas esses justificarão a crueldade dos preços que fez as nossas vidas darem um salto tremendo para o descalabro, a que dão o nome de progresso, e evolução dos tempos. 

Na realidade, esta situação não se passa apenas aqui, onde vivo, no País das Maravilhas e do Melting Pot, como antigamente era considerado e chamado à boca cheia. Esta situação do descalabro, está acontecendo também nos nossos lugares do antigamente, onde cada um no seu pequeno jardim, tinha também um pequeno quadrado de terra onde cultivava os verdes mais imediatos para fazer um caldo, uma pequena sopa da pedra, mas que depois de um dia cansativo de trabalho sabia a riqueza de uma vida sã e ordeira! 

Porque será que não conseguimos ter o discernimento, para dar valor às coisas que o têm? - Esta mania de voar sem tino, sem pensar duas ou muitas mais vezes, tem feito muita gente perder o pé no chão seguro, ainda que telúrico das nossas terras saudosas e incomparavelmente belas, desde Portugal, Açores e Madeira. 

Mas, naquele tempo, era tudo tão pobre, tão miserável, que algumas pessoas preferiram deixar para trás o belo da Natureza, alguns até os pergaminhos de Familia e partir para longe, à procura de um novo olhar, uma outra forma de vida, o construir de uma nova história de encantar, que fizesse esquecer as velhas paredes com histórias que não eram as suas, cheias de dramas infindos.
Com o passar dos anos, ninguém sabe o que teria sido melhor. O Futuro é sempre incerto, e uma luta constante e a Deus pertence! Há quem não acredite! Há quem diga que nós somos os donos e senhores do que, bom ou mau nos acontece! Mas ainda não me convenci dessa parte. Sou antes pronta a acreditar que nós seres humanos, somos uns bichinhos inconsistentes, inconformados, que nunca estamos contentes com o que o que temos e somos e de aventureiros procuramos sempre mais. 

E por que não? Por que não devemos aspirar a ser e a ter mais? Foi assim, por ter sonhos e ambição que o Homem pousou na Lua! - Levou o tempo que levou, mas cumpriu o sonho que deu lugar a outros sonhos! Homens e Mulheres, todos têm esse direito! O mesmo direito de sonhar e conseguir realizar coisas boas para elas, para filhos e filhas, e para o Mundo! E não necessariamente tem de andar num campo de batalha! 

A Mulher de hoje, tem cada vez mais exemplos de luta e de valor, para voar mais alto, para seguir em frente, mesmo que nalguns comandos ainda existam os habituais mandões, até no próprio Lar, que se acham capazes machucar e dominar o querer Feminino. 

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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