Palavras e Recados
Com o passar do tempo, vejo por aqui grandes janelas fechadas,
Muros que se derrubam com a força do querer.
Com o passar do tempo, vejo por aqui tanto nada que se julga tudo,
Tanta humildade de tão boa gente,
Com o passar do tempo, vejo quem vai indo,
Quem já foi e aqueles(as) que estão sem estar.
Com o passar do tempo, vejo que há seres a quem dás um dedo e te arrancam os braços,
E te querem afogar nas suas mentiras.
Com o passar do tempo, vejo que esta porta me tem dado muito,
Me deixa escrever e que me leiam.
Com o passar do tempo, encontrei verdades que pareciam mentiras,
Amigas, que eu acreditava serem da alma,
Até que não consenti ser explorada da minha pobreza.
Que foram, como ratazanas, minar aqueles que se deixaram influenciar,
Aqueles que talvez abraçam anjos e diabos.
Com o passar do tempo, fiz amizades da vida e para a vida,
Vi renascer amigas da alma, que apoiei, visitei e amei.
Com o passar do tempo, aprendi, que a meu lado está quem quer e me quer,
Porque eu sou quente ou fria,
Tudo ou nada,
Não sou meia amiga, nem meia namorada, nem meia amante.
Não jogo o jogo de faz de conta, odeio os sorrisos falsos e as palavras vãs.
Eu, a Soviética, sou eu, vivo fora de palácios e limusines, faço contas para chegar ao fim do mês, não tenho unhas de gel, nem vestidos personalizados.
Trabalho duro sem remuneração e cuido, por vezes com lágrimas quem só me tem a mim.
Quem me ama, conhece - me, e a minha sexuagenária idade, permite - me ser aquilo que eu era com dezassete anos, EU.
Só o interregno de ser mãe me venceu e me levou ao inferno, porque sendo mãe, fui mãe e as circunstâncias não me deixaram ser eu.
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