Por um fio
Doi doendo, o vento serôdio, que ri os infortúnios,
Cantando serenatas, na taberna do beco da morte, que não morreu,
Vai matando, vivendo de colares ao pescoço,
Brincos de rainhas mortas, em desertos de amor,
Mantões de Viana, bordados de dores de sedas de maçãs podres e sós,
Mulheres de peles tisnadas pela sociedade, juíza e detentora de preconceitos cancerosos e condenados, como os confeitos, em noite de reis,
Varinas de saias arregaçadas, varrem com cochinés de ondas mortais as algas venenosas,
Que devoram a última ceia dos crentes neste oceano,
Empobrecido e devorado por cardumes de intrusos e espécies alheias, nas redes da dignidade e da decência,
Ondas incontroladas, beijam - me e atiram - me de encontro a areias mortas,
Numa chuva de seixos de algodões de betão,
Com que tento beijar esse horizonte de carícias, deitadas na sombra generosa de alguma duna, que nunca se deixou manipular com dedos de dedadas malabaristas, transgressoras e prostitutas baratas,
Neste pátio de recreios e inocências em coma,
Ainda brincam gotas de água doce.
Sem comentários:
Enviar um comentário