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quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Do poeta, escritor, jornalista, Luís Fernando Veríssimo - ANDREW


ANDREW

Desde os rumores de que Jack o Estripador era um membro da família real inglesa, que circularam no fim do século 19 e ainda circulam em especulações modernas sobre a identidade do assassino, que nunca foi preso, ninguém daquela augusta linhagem foi citado em crimes. Pelo menos não em crimes sérios, o que exclui os chapéus da rainha.

Agora se sabe que o príncipe Andrew, duque de York, segundo filho de Elizabeth e Philip, oitavo na linha de sucessão ao trono da Inglaterra, durante anos foi amigão do bilionário americano Jeffrey Epstein, frequentando suas muitas mansões, andando no seu belo iate, viajando no seu avião particular e sendo apresentado às meninas, quase todas da chamada menor idade, que Jeffrey cultivava para o seu próprio uso e para suprir os amigões.

Entre estes, o ex-presidente Bill Clinton e o atual presidente Donald Trump – que, numa entrevista publicada há alguns anos, elogiou Jeffrey e comentou que ele gostava de mulheres bonitas, “como eu, de preferência as mais novas”, uma sugestão pública de gosto pela pedofilia que prefaciou todas as barbaridades que Trump viria a dizer na presidência, depois.

Jeffrey Epstein se suicidou na prisão, onde aguardava indiciamento. Ou foi suicidado. Como, ainda não está claro. Os presos não podem usar cintos ou cordões de sapatos nas celas. Ele teria se estrangulado ou sido estrangulado com um lençol? Difícil. Já tinha tentado se suicidar antes, deveria estar sob observação constante, mas os dois guardas encarregados de cuidar dele não estavam em serviço, por diferentes razões, na noite em que Jeffrey morreu.

As teorias conspiratórias se multiplicam. A quem interessaria a morte de Jeffrey antes que ele começasse a “cantar”, dar nomes e incriminar meio mundo no seu esquema de favores? A julgar pela quantidade de gente importante e ligações poderosas no caderninho do bilionário, “incriminar meio mundo” não é exagero. Meio mundo deve ter respirado aliviado com a notícia da sua morte.

Andrew não tem com o que se preocupar. Dormir com menininhas não é, assim, como eviscerar mulheres. Ele talvez passe por um período de ostracismo na corte, mas isso passa. E ele continuará com sua simpática cara de zonzo, própria dos príncipes desocupados.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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