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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

O MEU CONTATO COM EUSÉBIO DA SILVA FERREIRA


O MEU CONTATO COM EUSÉBIO DA SILVA FERREIRA

O grande Eusébio faleceu em cinco de janeiro de 2014, a poucos dias de completar 72 anos de idade. No dia 3 de julho corrente, a trasladação para o Panteão Nacional, com saída do Cemitério do Lumiar. Uma decisão do governo para homenagear aquele que foi um “monstro sagrado” do futebol português ao serviço do Benfica e da Seleção Nacional onde se notabilizou,  nomeadamente no Mundial de 1966 disputado na Inglaterra e onde os “Magriços” (como assim foram batizados) lograram um honroso terceiro lugar.

Quando fui mobilizado para Angola, cheguei a Lisboa no sábado 14 de fevereiro de 1965, tendo sido recebido, militarmente falando, pelo tenente Orlando Ramin que, volvidos alguns anos (ironia do destino) veio para a ilha Terceira treinar o Lusitânia e passou a fazer parte do lote dos meus amigos do peito. Mas, retomando o fio à meada, reconheci o tenente Ramin uma vez que sempre fazia coleção dos cromos de futebol. Conversa puxa conversa, perguntei-lhe se a minha apresentação iria demorar muito, visto que pretendia ver o Eusébio jogar naquela noite frente à antiga equipa do Ramin (guarda-redes, depois veio para os Belenenses), a Associação Académica de Coimbra. Como já era na altura um pouco malandreco, disse-lhe que iria torcer pela “Briosa”. Óbvio que o meu fito era ver Eusébio, apesar de ser sportinguista. O Benfica venceu por 3-1 e Eusébio faturou.

Já como correspondente do jornal A Bola nos Açores, em setembro de 1973, desloquei-me a Lisboa para assistir à festa de despedida de Eusébio, uma homenagem muito bonita com o Benfica a defrontar uma seleção do resto do mundo (2-2) que, entre outros, contou com a participação de Best. Nas homenagens, e antes do jogo começar, o meu saudoso amigo e chefe de redação de A Bola, Vitor Santos, também, em representação do jornal,  entregou a Eusébio uma lembrança de um jornal que muito dele falou. E Vitor Santos esteve no Mundial de 1966.  Acresce que, em 1995, participei da festa organizada pelo CNID (Clube Nacional da Imprensa Desportiva) para comemorar os seus 30 anos de existência, festa essa (no Teatro da Trindade) que também serviu para homenagear os “Magriços” de 1966, jornalistas e fotógrafos que estiveram na Inglaterra nesse memorável ano para o futebol português. Eusébio estava lá e Rui Santos representou o seu falecido tio Vitor Santos.

Contatos de perto com Eusébio. O primeiro com um almoço no Beira – Mar em São Mateus, a convite do colega, amigo e irmão, Hilário da Conceição que nessa altura treinava o Lusitânia. Eusébio tinha ido a São Miguel a convite do Águia dos Arrifes e, para o efeito, deu um salto até à ilha Terceira para ver o seu conterrâneo de Moçambique e colega na Seleção Nacional. Hilário outro dos “Magriços”. Nesse almoço, também se juntou o António Nanques. O Fernando, proprietário do restaurante, delirou com a presença do “pantera negra”. Ainda tivemos tempo de ir tomar um café ao Café Central no Largo do Colégio.

Depois, encontro com Eusébio na Casa do Alentejo em Lisboa na festa de homenagem ao Vitor Santos. Cavaqueei um pouco com ele, para mais que o Hilário me havia telefonado nesse dia para eu lhe dar um abraço.

Finalmente, o último contato ocorreu em dezembro de 1991 no aniversário do Angrense que promoveu um colóquio na sala da Recreio dos Artistas, com as presenças de Eusébio e de Humberto Coelho. Nessa altura, eu estava em São Miguel na chefia do Jornal do Desporto e fui convidado pela direção do Angrense presidida por Gustavo Manuel Borba da Silva que, gentilmente, me instou para o jantar após o colóquio, jantar esse no Restaurante Beira – Mar, ali bem pertinho da sede do Angrense. Também presente o presidente da Assembleia – Geral, João Rebelo Machado, proprietário da Pastelaria Cristal. Ao todo, éramos cinco pessoas em alegre e franco convívio.

Claro que, no dia seguinte, primeiro de dezembro, voltamos a estar juntos no almoço que decorreu no Hotel de Angra. Só não assisti ao jogo porque tinha que regressar a São Miguel para o fecho do jornal já com a minha reportagem relacionada com as presenças do Eusébio e do Humberto Coelho.

E foram estes os meus contatos com Eusébio da Silva Ferreira. Como muito bem disse o António Simões (sic) “o Eusébio só morreu fisicamente”.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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