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quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Passar a virada do ano de 2004 para 2005 na praia de Icaraí


Passar a virada do ano de 2004 para 2005 na praia de Icaraí foi sumamente agradável. A praia fica literalmente cheia, é um lugar aprazível para uma festa desta natureza e na qual a Prefeitura sempre capricha para apresentar o melhor em termos musicais. Tem sido sempre assim.

Mais uma vez volto a dizer, com toda a propriedade, que o mundo é pequeno. Ora, no início do ano de 1967, aportou em Luanda uma esquadra brasileira que foi recebida com muito carinho, tendo a mesma permanecido na capital angolana por quatro dias. E como futebol está no sangue de brasileiros e portugueses foi realizado um jogo de futebol no então Estádio dos Coqueiros entre uma Seleção Militar de Portugal (militares que estavam em comissão de serviço) e uma Seleção do Brasil formada por marinheiros da referida esquadra. Por ser militar e por já ser muito conhecido no meio futebolístico, fui eu o árbitro designado para o jogo em questão que se saldou num empate a zero bolas. Em agosto de 1966 eu já havia dirigido o encontro entre a Seleção do Distrito do Bié e a Associação Académica de Coimbra que digressionou por terras angolanas. A “briosa” venceu por 1-0, com golo de Serafim que se estreou nesse jogo. Serafim que passou pelo Benfica e pelo F.C. do Porto.

Pois bem... Voltando ao jogo de militares portugueses e brasileiros. Das primeiras pessoas que conheci em Niterói, uma delas Celso Aranha que, curiosamente, era mecânico de um desses destróieres que compunham a esquadra brasileira. De tal forma que, numa das nossas cavaqueiras veio à bailha a minha passagem por Angola, tendo o Celso referido que lá tinha estado com uma esquadra brasileira e quando ele mencionou o jogo de futebol deu-me vontade de rir, mas sempre fui deixando o Celso continuar a conversa. E quando ele falou que o juiz tinha perdoado um “pênalti” aos portugueses, deu-me cá um arrepio. Mas, ironicamente, fui dizendo: “Ó Celso esse juiz estava comprado pelos portugueses”. E aqui não deixei o Celso continuar, dizendo-lhe que o juiz tinha sido eu e lá lhe expliquei em pormenor a minha atividade em Angola como árbitro de futebol. O Celso não ficou em si e pensou como eu: “o mundo é pequeno”. Depois voltei à carga e, com uma maior dose de ironia, atalhei: meu caro Celso, eu vi a grande penalidade, mas não marquei porque queria mesmo que empatassem o jogo. E a amizade com o Celso a partir dali foi enorme. Marcamos encontros várias vezes. Eu tomava uma cervejinha e ele abusava da cachaça e do cigarro. Foi por isso que foi parar ao “jardim das tabuletas” (entenda-se por cemitério) vitima de uma enormíssima cirrose hepática para a qual já não houve remédio para salvá-lo. E já lá vão três anos do seu falecimento. Descansa em paz meu amigo Celso. E perdoa-me o fato de ter prejudicado os brasileiros naquele jogo. Um dia tinha que ser totalmente patriota. Fi-lo com o apito na boca e fazendo vista grossa a um lance claríssimo para castigo máximo. Mas não fui molestado por nenhum brasileiro, manda a verdade dizer.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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