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quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Da escritora Graziela Veiga - OS SORRISOS TRISTES...


OS SORRISOS TRISTES...

Desde menina e moça, sempre fui muito observadora. De facto é uma característica que me define.

Ultimamente, tem-me chamado a atenção as expressões das pessoas, mormente o sorriso. Vejo que as pessoas andam tristes, por mais que disfarcem. Actualmente, a maioria das pessoas mostra os dentes, (aqueles que os têm) mas não estão a sorrir com o coração. Noto um olhar embaciado, desprovido de alegria, na maioria das vezes, distante.

E faço a pergunta a mim mesma. O que falta às pessoas? Mais do que nunca, algumas pessoas, aparentemente têm tudo para serem felizes, mas não o são.
Eu penso que falta Amor. Não o amor de telenovela, aquele que começa numa grande paixão, quase sempre baseada nas aparências. Corpos esbeltos, belos, mas sem essência, sem projectos e até sem assunto ou ideais para se debaterem. Para onde caminha esta humanidade que busca a felicidade onde ela não existe? Vejo casais juntos, mas não estão unidos pelo amor, apenas representam um papel que não o sentem. É demasiado evidente a falta de afectos, cumplicidade, tolerância até, pois nota-se um vazio tão grande que até mete impressão. E faço outra pergunta. O que vai transmitir esta geração aos seus filhos? Uma geração que não se ama mais, que não acredita nos verdadeiros valores da vida, que se baseia apenas em bens materiais, jamais alcançará a verdadeira felicidade.

Eu que já vivi alguns anos, pressinto e vaticino um desfecho trágico. É urgente que as pessoas comecem a olhar para o interior dos outros, que vejam e observem o que não está ao alcance de todos, ou seja, o coração, aquele que, por vezes, nos trai mas não mente.

De resto, é tudo um mundo de interesses. As pessoas aturam-se umas às outras por obrigação, porque têm filhos, ou simplesmente porque não têm a coragem de se enfrentarem. É preciso que se sentem frente a frente, que se abordem e tenham a franqueza de dizerem o que pensam, olhos nos olhos.

As pessoas têm dificuldade em olharem os olhos, pois sentem receio que alguém que lhes saiba ler a alma, lhes diga que são infelizes. E tantas e tantas vezes, é isso mesmo que acontece. Os olhos são o espelho da alma e, por vezes, falam o contrário das palavras proferidas.

Estou cansada de pessoas hipócritas, que vivem uma vida de fingimento, que metem fotografias da sua família, exibindo largos sorrisos, aparentando e vivendo o que não sentem de verdade. Homens que traem as mulheres, mulheres que traem os maridos como se fosse a coisa mais natural deste mundo. E ainda se acham os maiores! Provavelmente desconhecem na totalidade que quem engana é quem sai enganado.

Gostaria tanto de ver sorrisos sinceros, daqueles que nos põem bem dispostos o resto do dia, pois emanam veracidade, luz e alegria de viver. Que aprendamos a não mostrar os dentes para a foto, mas a mostrar a alegria que jorra do coração sincero. A não ser, é sempre preferível que se mantenham sérios, pois acredito mais nesse sentimento.

Aprendamos a sorrir com a alma! São sorrisos cativantes!

25-09-2019
Graziela Vei
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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