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quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Da poetisa-escritora Manoella de Calheiros - Às gentes das ilhas Açores e Madeira


Às gentes das ilhas Açores e Madeira

Lourenzo

Uivam desalmados os faróis da vida,
O comboio corta o ar descendo, sem travões o desfiladeiro,
Onde falcões de riscas negras cheiram fantasmas,
Peregrinam esquilos do rio branco em busca de vida,
Arfam estorninhos cantadores e bailadores, temendo um dilúvio,
Os céus tingiram-se de noite e abriram guarda chuvas,
Cor do arco íris e da vida,
A vida marinha acordou sem quarto nem cama,
Oceanos endoidecidos amarfanham os mares,
Revoltados e furiosos levantam os cimentos, num baile de morte,
Percorrem o mundo, atemorizam as margens do mar,
Assustado e acostumado a tanta raiva,
Os fantasmas, azuis, brancos e amarelos, abandonam as camas,
Em nuvens de algodão molhado, que se desfazem em água,
Janelas e varandas fecharam olhos e bocas,
A calma desassossegada espera,
Ondas gigantes e gigantescas, levantam fervura,
Fervem e crescem como a névoa e não hesitam,
Constroem castelos imensos de algodões amargos,
Batem impiedosas e destroem barreiras, cais e portos,
Assenhoram-se daquilo que é seu, sem temor nem ressentimento.
O oceano descansa e o mar adormeceu outra vez,
Os ilhéus recomeçam porque são mestres no conhecimento do mar.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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