Cai a tarde num azul dourado e o sol tomba nas águas furtadas das casas vizinhas...
Há um sossego lento no jardim...
A glicinia resolveu florir...
A bananeira cresce sem parar...
Rosas voltam a despontar e no jardim das pedras, os cactos engrossam e espreitam dos potes e ânforas de barro...
As hortênsias mudam de cor a cada dia, andam entre o branco, o azul e um verde cor de musgo que ainda não lhes tinha visto...
Há no ar um silêncio que sobe e desce a rua...
Já não pressinto, gente vinda dos campos e de regar...
Um lugar é este onde se não vê o que se desprendia dos dias, em tempos idos...
Há uma luta de sombras e luz, remoendo o meu sossego, procuro o mundo onde pertenço...
Um desejo silenciado..
Uma ave inquieta...
Num lugar da mente, resta ainda tudo...
Nenhuma palavra poderá dizer tudo...
No entanto, escrevo!
Sou tal como a onda que espera acontecer...
Tentando aprender a ser árvore...
traduzindo silêncios...
Vaza-se o sol nos montes...
Escurece o dia...vou dar-lhe casa!
Amanhã virá o sol de novo e as cigarras cantarão pelas veredas, e cantarão o amanhecer dos frutos e da vida....
E ouço em mim o sotaque da ilha, da Beira e dos murmúrios da terra...
P.S. Ó filha da ilha quem te mandou, viveres no ventre do tempo?
Bom feriado!
Mizé
Sem comentários:
Enviar um comentário