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quinta-feira, 3 de outubro de 2019

De João Rocha em NO-REVISTA - Costa à conta dos animais?


Costa à conta dos animais?

 Publicado por João Rocha

“Crónica de uma vitória anunciada”. Na noite do próximo dia 06 de Outubro, mesmo com resultados ainda provisórios, os comentadores políticos não irão resistir a fazer o trocadilho com o célebre romance de Gabriel Garcia Márquez “Crónica de uma morte anunciada”.

A vitória socialista nas Legislativas Nacionais 2019 é um pouco como a pescada – é antes de o ser.

Nem o mais fervoroso militante do PSD hesita em admitir o triunfo do PS. Agora tudo se resume a saber “por quantos?”.

Utilizando o léxico futebolístico, o partido “rosa” arrisca a dar uma “goleada” às restantes forças partidárias – a saber: PNR, PSD, CDU, PPM, PAN, PDR, BE, MAS, PTP, PCTP-MRPP, Iniciativa Liberal, CDS-PP, Aliança, Livre, Chega e Partido da Terra.

Se a “tareia” for das antigas, António Costa, depois de uma sinuosa liderança da “geringonça”, pode celebrar à fartazana à boleia de uma maioria absoluta.

Porém, se a votação ficar abaixo do cenário mais otimista, terá de recorrer à sua indesmentível habilidade política para criar pontes (ou consensos, em linguagem mais antiquada) em nome da maioria parlamentar.

O Bloco de Esquerda anda “amuado” com os socialistas, os comunistas também são hábeis no jogo político e sabem que o tempo é o melhor conselheiro. O PSD, muito provavelmente embrulhado em mais uma crise de sucessão na liderança, estará fora das cogitações.

Os centristas, de Assunção Cristas, já manifestaram a intenção de “não ir a jogo”.

E, então, quem resta para “negociar”? Obviamente o PAN, de André Silva, especialista em cativar amor e ódio simultaneamente.

Para já, uma evidência – o Pessoas, Animais e Natureza obterá um feito notável, em termos políticos, se eleger cinco/seis deputados, sendo que na atual legislatura só contou com o contributo de André Silva.

Ou seja, o exercício especulativo é perceber com “quanta corda” estará o PAN após a corrida eleitoral de 06 de outubro.

Vamos imaginar (até porque é mais divertido…) que chega com a “corda toda”. Aí, Costa terá mais dificuldade em criar equilíbrios.

O Sistema Nacional de Saúde para os animais será uma realidade obrigatória e o passo seguinte só pode ser a criação da figura do “Veterinário de Família”.

Se os resultados eleitorais ficarem abaixo das previsões, talvez António Costa consiga aguentar-se firme sem ir ao chão, dando de barato as “beatas”.

No fundo, o futuro próximo ajudará a decifrar o enigma – Costa estará por conta dos animais ou saberá tomar conta dos animais?

De resto, e em abondo da verdade, é preciso notar que a simpatia política pelos animais remonta a muito antes do surgimento do PAN.

Em 2010, a Assembleia da República animou-se com um projeto de resolução para instituir o dia 06 de Junho como o “Dia Nacional do Cão”.

O projeto de resolução, assinado por deputados do PSD, justificava a iniciativa por o cão ser um animal que vive junto do Homem desde a pré-História

O mesmo grupo de sociais-democratas sugeria que o “Dia Nacional do Cão” deveria ser o mais próximo possível do “Dia da Criança”, que se comemora a 01 de Junho.

Mesmo descontando eventuais deslizes, a medida prova que, na realidade, ser deputado não é para qualquer cabeça. Instituir o “Dia de Cão” é quase tão importante (os nossos amigos caninos até acharão que é mais…) do que a descoberta da energia elétrica.

Pegando na corrente, diria mesmo que só um grupo de iluminados, como os deputados, é que consegue ousar pensar tão alto. Depois do dia, bem poderia aparecer o parlamento dos cães. O plenário (a eleição eventualmente teria a ver com a raça dos “deputados”) seria o palco ideal para todos os Bobis e Tarzans deste país denunciarem as verdadeiras tormentas que resultam do contacto diário com pulgas e carrapatos.

Mas, há mais. Seria de todo interessante estender a iniciativa aos gatos, os quais, no meio de muitas brigas, vão dividindo com os cães espaços nos lares humanos.

Outra situação maravilhosa seria, a meu ver, aproximar a Assembleia da República das raízes rurais de Portugal. Duvido da existência de um único deputado que não tenha qualquer tipo de relação com a província, por muito remota que seja.

Destas mentes brilhantes pode, muito bem, sair outro notável pensamento – criação do “Dia Nacional do Nabo”. Só falta arranjar uma data à maneira. O local das comemorações seria na própria Assembleia da República. Por lá, pelos vistos, os nabos nem precisam de canteiros para fazer notar a sua presença…

João Rocha
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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