Acordei cedo! Levantei-me e abri a janela. É Primavera! E junto ao beiral da casa, uma andorinha cantava, a anunciar a chegada da Primavera. O cantar era alegre, o que já é um bom prenúncio, depois de tantas notícias tristes. E pensei. Tal como a andorinha voa, realizando longas migrações, assim eu me encontro, como que hibernada neste mundo que é o meu, com os que me são mais próximos. Porém, igual a andorinha, espero regressar para iniciar uma nova Primavera, com campos cheios de flores, borboletas, alegria, cor, tudo o que me faz feliz.
Depois da tempestade, a bonança. Depois da chuva, o Sol. Depois do Inverno, finalmente a Primavera.
É bom acreditar e esperar um depois que há-de vir carregado de esperanças. Um amanhã que se espera mesmo por toda a vida, tal como uma mãe que aguarda anos para ver um filho.
Acredito que a tormenta passará. Que se abrirá um céu azul cheio de paz... acredito que após uma noite escura de vigílias, há-de nascer um dia lindo, brilhante e promissor.
Depois da lágrima chorada na despedida, sobretudo por aqueles que partiram ou estão ausentes da família, pela actual circunstância. O regresso virá e há-de colorir de sorrisos a saudade entrelaçada num único abraço amigo e fraterno.
Depois da briga, a reconciliação. Depois do ódio, o perdão. Depois da batalha perdida, uma nova luta. Depois da queda, um novo passo. Depois do barulho, o silêncio.
Acredito num depois, aquele que faz o homem caminhar. Mesmo cansado, mesmo desiludido. Grande é o homem que não se deixa abater pelas tormentas do dia, intempéries e desilusões da vida. Feliz o homem que acredita, mesmo decepcionado. Quando somos persistentes, convictos, operamos milagres. Contornamos os obstáculos.
Uns caminham machucando e outros machucados. No meio de tanta mentira, há os que acreditam. No meio de tanta covardia, há os que enfrentam as derrotas sem esmorecimento. Depois dos campos queimados, a volta do verde, a tão almejada estação da Primavera, onde tudo se renova.
Eu acredito num Mundo melhor, onde a aproximação dos povos, será uma realidade, pois a vida ganha outro sabor quando conjugamos o Nós em detrimento do Eu. Eu sozinha não consigo fazer muito, mas todos juntos, conseguimos. No entanto, urge que eu faça o que está ao meu alcance. A única coisa que me pedem é que eu proteja a minha família, pois ao fazê-lo, estou a proteger as outras famílias. É uma atitude sensata que, engloba algum sacrifício, mas por uma boa causa, talvez a maior de todas, salvar vidas.
Nas árvores despidas, a nova folhagem e o matriz das flores. Tudo se renova quando acreditamos no caminho, no objectivo e naquilo a que nos propomos fazer. O melhor depois, é quando temos a consciência de um dever cumprido com responsabilidade e amor.
Um vendaval de flores irá desabrochar com a chegada da Primavera e inundará campos, cidades, praças, jardins e sorrisos... Sem dúvida, uma forma de induzir a humanidade a deixar de ser tão Inverno.
20-03-2020
Graziela Veiga

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