O DIA DOS MEUS ANOS
hoje não faço nada
nem contraponho o ano que somo
tudo consequência desta natureza
apesar do rumor estou inteiro
a viagem depressa e cedo começa
mas em casa onde tudo é claro
menos imagem neste olhar baço
o esqueleto menos atrevido
e do furor do mar que persigo
sobra a espuma dum vivo imaculado
que em mim carrego desde o berço
levo-a enquanto consentir o alento
que me têm roubado aos poucos
o que somei ao dia
a noite surripia ao sono
hoje não faço nada
quando nada é nada é tudo também
um mais um não é mais amor
como de si sempre ouvi
oh, minha mãe.
IVO MACHADO
28 de Outubro de 2020
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