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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

E tudo são recordações - Azores Digital


Os Batistas
Domingo, 20 de Setembro de 2015 
Batistas conheci muitos ao longo da minha vida, sobretudo na fase de infância, adolescente e adulto. De adulto, muita gente ligada ao fenómeno desportivo. E poderei dizer que todos estes Batistas tinham crista bem afiada, ou seja,
dedicados e trabalhadores.

O BATISTA DO PÃO – Aos 11 anos de idade comecei no Corpo Santo a trabalhar na mercearia do senhor Raminha, na Rua do Cardoso. Todos os dias, ao final da tarde,  ia a casa do Tio Batista para trazer pão fresquinho para os clientes da mercearia. O Tio Batista morava na Rua das Maravilhas e lá eu ia  de saca de lona nas costas, descendo a Rua da Rocha, Minhas Terras e depois subindo o calvário da Rua do Morrão. Trazia sempre quarenta pães, mas acontecia que, com todo aquele cheirinho de pão quente, chegava à mercearia com trinta e nove, o que quer dizer que comia um pelo caminho. Óbvio que descontava no meu pequeno salário, visto que se tratava do primeiro emprego.
O TIO BATISTA DAS BOTAS DE FUTEBOL – Outro Tio Batista, este infelizmente sem as duas pernas. Morava também na Rua do Cardoso e descia a rua até à sede do Marítimo com as suas muletas. O Tio Batista era dedicado roupeiro do Marítimo. Num pequeno cubículo tratava de tudo e quando lá se entrava deparávamos com aquele cheirete a cebo que ele passava nas chuteiras, a maioria de travessas. Naquele tempo era assim. Hoje, são chuteiras de luxo e de várias cores. Naquele tempo, chuteiras de travessas e muitas delas com os pregos entrando nos pés. Pois é... Do tempo dos pobres ao tempo dos ricos.

EM LISBOA UM “BATISTA CÁ DA GENTE” - O Batista que faleceu há pouco tempo, ao invés dos dois primeiros que partiram para o “outro lado da vida” há muitos anos atrás. Batista que sempre acompanhou as equipas terceirenses que se deslocavam ao continente. Mais presente com o Lusitânia de quem foi delegado junto da Federação Portuguesa de Futebol. Na minha missão jornalística, mantive com o Batista um franca amizade. Várias deslocações com ele e com o filho quando o acompanhava. Era uma figura muito querida junto de todos os jogadores, técnicos, dirigentes e massagistas e, também, junto dos funcionários do ISEF. Todos conheciam o Batista e, “bebedeiramente falando”, sabiam o que a “casa gastava”. Óbvio a “casa Batista”. Era um animador nos bons e maus momentos. Faleceu de doença incurável.
PADRE BATISTA, PADRE DA BOLA - Quando pároco da Vila Nova, o padre Batista foi um dedicado adepto do Vilanovense. Dirigia a falange de apoio alvi-negra com muito entusiasmo. Ainda hoje não sabemos se o padre Batista deixou de casar alguém pelo fato de estar num jogo de futebol. O que é certo é que o padre Batista é sempre recordado junto dos apaniguados do Vilanovense. E creio que ele não deixa de acompanhar o que se passa em torno do clube em que foi figura marcante. O verdadeiro cérebro dos apoiantes do Vilanovense. E era vê-lo sempre de cachecol e bandeira com as cores do seu Vilanovense.
BATISTA QUE FOI PRESIDENTE – Abílio Tavares Batista, o homem da “terra prometida”, a Ribeira Grande da ilha de São Miguel. Um desportista de reconhecido gabarito. Jogador, treinador, dirigente e inclusivamente colaborador em páginas desportivas dos jornais diários, nomeadamente os de São Miguel. Como presidente da Associação de Futebol de Ponta Delgada, levou a “Carta a Garcia” com aquela capacidade que é seu timbre, aliada a uma honestidade digna dos maiores encómios
Hoje, o Batista, o Abílio, aposentado, dedica-se à sua rádio, a Rádio Cidade da Ribeira Grande. E aborda temas com muita propriedade. Já o acompanhamos via internet. Um abração, meu querido amigo Abílio Tavares Batista.


Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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