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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

sábado, 13 de agosto de 2016

Da raiz da memória




A figura que aqui apresento em foto, foi sempre um velho amigo, inclusive colega na antiga Junta Geral e no Rádio Clube de Angra durante a minha primeira passagem pela conhecida estação emissora. Um talento da ilha Terceira que não esqueci após o seu falecimento. Aqui fica, pois, o registo do que escrevi
no jornal A União:
Esqueceram-se da "Voz da Manhã"? Eu não!
Ultimamente, as notícias mais tristes têm-me chegado, face ao desaparecimento do rol dos vivos de pessoas amigas e conhecidas, as mais recentes José Teixeira de Borba, Adalberto Hélio de Sousa Martins, Duartino Maciel, Raul Pamplona e agora, para além da mãe do meu querido amigo João Fernando Sousa Rocha (editor deste jornal), João Ávila, figura bem distinta em todo o arquipélago, obviamente pela sua presença durante muitos anos no Rádio Clube de Angra, sobretudo através do programa “Voz da Manhã” que tinha início às sete da matina. Para muitos, o despertar para mais um dia de trabalho. Com a sua peculiar voz, aquilatada pela esmagadora maioria dos ouvintes, João Ávila animava, sem dúvida alguma, as manhãs de segunda a sexta-feira, acrescentando ainda a sua presença no programa “Que Quer Ouvir”, que também teve a assinatura de outros locutores, nomeadamente, e entre outros, Florival Bettencourt Sancho, Durvalino Sarmento e Lucinda Barcelos.
Curiosamente, fui colega de João Ávila na Junta Geral, onde me iniciei em Junho de 1967, logo após o meu regresso de Angola, e cuja entrada no referido organismo muito devo a Florival Sancho, Dr. Henrique Henriques Flores, Alberto Louro da Silva Lopes e Nuno Marciano Paes, todos já falecidos, mas que continuam a perpetuar na minha memória. Com João Ávila cruzava-me todas as manhãs e, à porta principal da Junta Geral, sempre ouvia a voz do José Borges da Silva (porteiro) a exclamar: “lá vem a Voz da Manhã”, isto quando João Ávila se aproximava para começar a sua verdadeira profissão ao lado de outros colegas que também serviram o Rádio Clube de Angra, nomeadamente Manuel Vale (já falecido), Antero Cruz e Paulo Azevedo Soares, um nas Obras Públicas (João Ávila), outro nos Serviços de Viação (Manuel Vale) e os restantes dois na qualidade de tesoureiros. No tempo em que todos nós tínhamos como uma das principais referências o Rádio Clube de Angra. Por lá passei diversas vezes como colaborador desportivo e, inevitavelmente, cheguei a passar notícias para João Ávila, que sempre me agradecia com aquela educação que todos nós sempre lhe reconhecemos.
Evidentemente que também fui daqueles que lamentei a forma em como saiu do Rádio Clube de Angra, estação onde sempre deu o seu melhor e era, sem sombra de dúvidas, um dos mais fortes pilares em termos de audiência. Pela sua voz, pela forma em como se expressava com o próprio ouvinte.
Lusitanista assumido, João Ávila, quando interveio em alguma transmissão desportiva, sempre o fez com notável isenção. Era, de facto, uma pessoa de fino trato e que soube construir uma família que, hoje, dele se orgulha. Um grande profissional, um amigo, um bom pai, assim caracterizo João Ávila. Aliás, devo dizer também que sempre tive um relacionamento aproximado com a família, inclusive da sua irmã D. Dores Ávila, que foi minha professora de caligrafia na Escola Comercial e Industrial de Angra do Heroísmo, ligação ainda mais estreita com o seu marido Henrique Barcelos. E claro que, neste mencionar de nomes, não podia esquecer o meu querido amigo Luís Carlos Noronha da Silveira Bretão, um genro por quem João Ávila também tinha enorme apreço. Lembro-me que, quando muitas vezes entrava numa conversa com o nosso já saudoso “Voz da Manhã”, o nome de Luís Bretão vinha sempre à baila, mormente naquele período em que foi Delegado dos Desportos, no conturbado período do gonçalvismo.
Mais um amigo que partiu, na circunstância João Ávila. Esqueceram-se da “Voz da Manhã”? Eu não!




Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

1 comentário:

  1. Milton Soares e Santos.
    Existiu?
    A memória devia contar para alguma coisa….

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