OS
NOSSOS E OS OUTROS
Tal como em outras áreas, o dirigismo desportivo também enfrenta dificuldades
de recrutamento de valores firmados. Hoje, o objetivo passa, em parte, por
trazer antigos atletas que, por si só, podem passar conhecimentos adquiridos ao
longo das suas respectivas carreiras. Por outro lado, antigos atletas enveredam
pela carreira de treinador. E aqui creio que o número é muito maior, o que é
lícito compreender. Seguindo esta linha de raciocínio, as equipas terceirenses
que disputam os campeonatos nacionais – II Divisão e Série Açores – dispõe de
técnicos que registam interessantes passagens como futebolistas. E,
curiosamente, todos os quatro – Francisco Faria, João Eduardo, Manuel da Costa
e Hildeberto Borges -, têm como referência o Lusitânia, se bem que nenhum deles
teve iniciação no clube verde-branco. É uma aposta que merece os maiores
encómios, isto porque temos que valorizar o que é nosso, dando-lhes
oportunidades para exercerem o que consideramos a sequência de uma dedicação ao
futebol.
Ainda falando de “gente cá da gente”, agora virando para o dirigismo. Na
verdade, não são muitos os que trilharam por esse estatuto. E já aqui tecemos
comentários sobre a coragem de Ruben Silva, em momento crítico do Lusitânia,
ter assumido o cargo de chefe de departamento de futebol. E mais: no momento em
que alinhavamos este escrito, era apontado como futuro presidente da direção do
clube, outra aposta que reforça o valor deste ex-atleta.
Dos outros, ou seja, os do lado de lá (dos Açores para Lisboa), foi feliz o
presidente da direção da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, em se
rodear por ex-jogadores que se notabilizaram e que são referências
reconhecidas. Humberto Coelho, João Vieira Pinto e Pedro Resendes “Pauleta”
fazem parte desse elenco. Pedro “Pauleta” que ainda continua a ser o melhor
marcador da seleção nacional. E os açorianos terão que se orgulhar da presença
do “Açor” no seio da FPF. Em tempos idos, lá tivemos o faialense José Manuel
Novais Frayão e, também, no Conselho de Arbitragem, o terceirense Raúl Aguiar.
Por aqui no Brasil, e no que concerne a ex-jogadores dirigentes, Roberto
Dinamite preside aos destinos do Vasco da Gama. E foi eleito por via de um
sufrágio polémico, sucedendo ao carismático Eurico Miranda que, após muitos
anos na presidência, não teve argumentos para ser reeleito. São, ao cabo, duas
figuras veneradas pelos vascaínos, embora divididos por facões. Mas isto é
normal acontecer em clubes de grande dimensão, como é o caso do Clube de
Regatas Vasco da Gama.
NOTA FINAL – Em relação a Roberto Dinamite, tem sido muito contestado nos
últimos tempos. E com alguma razão. O Vasco formou um elenco (entenda-se por
plantel) para discutir os lugares de acesso a uma vaga para a Taça Libertadores
de 2013 e, depois, paradoxal que possa parecer, vendeu quatro dos mais
influentes jogadores – Diego Sousa, Allan, Rómulo e Fagner. Depois foi o que se
viu, ou melhor, o que se tem visto em termos de exibições que deixam muito a
desejar. Para, além disso, alguns dirigentes demitiram-se por discordarem da política
seguida por Roberto Dinamite.
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