RETALHOS
DA CIMEIRA NIXON-POMPIDOU
A política já foi bem aceite, mas, nos tempos de
hoje, está muito longe de corresponder ao que dela o povo almeja. Quando
Richard Nixon e Georges Pompidou se reuniram na ilha Terceira para a cimeira da
desvalorização do dólar, milhares de pessoas encheram as principais artérias de
Angra do Heroísmo para ver passar aqueles dois personagens que eram muito
badalados
nos jornais e, também, junto daqueles que dispunham de televisão, coisa que era impensável nos Açores, só passando a consoladora realidade em 1975 com o aparecimento da RTP-AÇORES.
nos jornais e, também, junto daqueles que dispunham de televisão, coisa que era impensável nos Açores, só passando a consoladora realidade em 1975 com o aparecimento da RTP-AÇORES.
Georges Pompidou que foi presidente na quinta república francesa, vindo a
falecer em 1974. Por outro lado, Richard Nixon presidiu aos destinos dos
Estados Unidos no período de 20 de janeiro de 1969 a 20 de janeiro de 1974. Na
cimeira que decorreu na ilha Terceira, concretamente em Angra do Heroísmo, foi
anfitrião o então primeiro ministro de Portugal, Marcelo Caetano. Escusado será
dizer que Angra vestiu as melhores galas para receber os dois ilustres
visitantes. Georges Pompidou ficou hospedado na Estalagem da Serreta e Richard
Nixon, com toda a naturalidade, no Destacamento Americano da Base Aérea das
Lajes.
Numa ilha em que a pacatez sempre esteve presente (aliás, ainda hoje continua
sem sobressaltos, apesar da crise que se vive), Georges Pompidou e Richard
Nixon, mesmo assim não dispensaram uma segurança cautelosa. Quando se apercebeu
que estava perante uma população ordeira e que os recebia de braços abertos,
Richard Nixon, creio que no segundo dia, acabou por subir a Rua da Sé a pé,
correspondendo, inclusivamente, aos desejos de quem pretendia um aperto de mão.
Também fui daqueles que andou num corre-corre para acompanhar a par e passo
(fora dos Salões Nobres, obviamente) os percursos percorridos pelos dois
grandes estadistas. Mas, nestes retalhos da Cimeira Pompidou-Nixon, andei ali
pelos lados do Relvão para ver chegar Nixon de helicóptero, seguindo depois
numa limusine para o local onde estava marcada mais uma reunião, se a memória
não me atraiçoa o Salão Nobre da extinta Junta Geral. Claro que tudo fiz para
ultrapassar a segurança e, consequentemente, lograr um pequeno espaço do Relvão
para ver bem de perto a figura de Richard Nixon. Infrutíferos os meus intentos,
mas, por outro lado, e circunstancialmente, observei a saída de Nixon da
aeronave que o transportou desde o Destacamento Americano da Base das Lajes e a
sua entrada, de todo risonha, para a limusine, acompanhado pela sua segurança.
Apesar de não ter alcançado uma maior aproximação, sei que outros o conseguiram,
escondidos no meio da altíssima relva, um deles Vítor Rui Dores, hoje distinto
escritor com residência no Faial. Na altura, Vítor Rui Dores, um velho amigo,
oriundo da ilha Graciosa, estudava em Angra.
Podia ter feito o mesmo? É possível, eu que, diariamente, nos meus tempos de
jovem, passava pelo Relvão para jogar à bola e, conjuntamente com outros amigos
dessa inesquecível época, brincar aos polícias e ladrões. Confesso que, para o
efeito, me faltou mais esperteza. Mas sempre deu para ver Nixou à-distância,
quiçá uma meia-satisfação. De resto, fui um dos muitos terceirenses que se
deslocou às Lajes para ver o avião supersónico Concorde que transportou Georges
Pompidou. Foi, ao cabo, outro motivo de atração, para mais que se tratava do
avião mais bonito do mundo, acabando a sua missão por via de uma tragédia que
ocorreu em julho do ano de 2000, em Paris. Um terrível desastre onde pereceram
113 pessoas que faziam parte do flight 4590 entre Paris e Nova Iorque. Uma
decolagem de Paris com muitas falhas, segundo o registo dos peritos. Foi o
triste fim do Concorde. No seu historial a passagem pelas Lajes da ilha
Terceira, transportando Georges Pompidou e sua comitiva.
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