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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Da conceituada atriz Cidah Viana



A PEÇA : "UM NEGÓCIO NA EUROPA"
Local: Um galpão abandonado...
**Maria Elisa (Ana Francisca) está em cena varrendo, limpando e cantando:

Quando eu nasci a minha mãe não tinha leite

Fui criado como um bezerro rejeitado
Mamei em vacas em tudo que tinha peito
E cresci assim deste jeito
Fiquei mal habituado

Hoje sou homem e arranjei uma cabritinha
E passo o dia a mamar
Nos peitinhos da Fofinha

Eu gosto de mamar
Nos peitos da Cabritinha (3 vezes)

Mamo a hora que eu quero porque a cabrita é minha.


 (No meio da bagunça um homem dorme coberto por um lençol e quando Ana Francisca o tira para limpar dá um grito de susto).

*Ana Francisca - Aiiiiii.... que isso???

**Bernardo Brito - (José Carlos de Alcântara Albuquerque da Silva) - Desculpe-me Senhora, só estou fazendo um quilinho...

* Ana Francisca - Pelo tempo, o Senhor está fazendo é uma arroba!!!

*José Carlos - Faço isso todo dia e nunca vi a senhora aqui...

*Ana Francisca - Crendeuspai... o Senhor dorme nessa sujeira todos os dias? Claro que nunca me viu. Hoje foi o primeiro dia que me mandaram pra cá. Sou diarista em uma empresa de limpeza. Prazer - Ana Francisca! O Senhor faz o que da vida?

* José Carlos - Prazer, José Carlos! Na verdade eu estudo...

* Ana Francisca - Um homão desse só estuda? Filho de pai rico, né?

* José Carlos - Faço uns biquinhos... Eu estudo uma possibilidade de ingressar na carreira política!

* Ana Francisca - kkkkkkk.... Nessa animação toda??? Desculpa. É... o Senhor é bonitão e o povo gosta disso... aparência... Mas, continue seus "estudos" que eu tenho que fazer o meu trabalho.

(José Carlos pega um livro pra ler: Cereja no decote de Marlene Gandra)

* Ana Francisca - Que livro bonito! "Cereja no decote" Hummm... deve ser picante...
(cruzam o olhar, ela maliciosa e ele meio sem jeito).

* José Carlos - Na verdade ele não é meu. É do projeto "Leitura para todos". Em 2003, o professor de literatura José Mauro da Costa teve a idéia de editar uma antologia para resgatar poesias que invadiram nosso imaginário. Assim nasceu Ouvindo Estrelas, o primeiro livro de graça na praça.
Depois, vários projetos seguiram a mesma linha e hoje, já podemos encontrá-los também nas praças de Divinópolis .
E como eu gosto muito dessa autora, Marlene Gandra, peguei-o emprestado e devo devolvê-lo assim que terminar de ler.

* Ana Francisca - E o Senhor não pode emprestá-lo pra mim?

* José Carlos - Sem problemas, desde que a Senhorita passe-o para frente depois.

* Ana Francisca - Nossa.... estou tendo uma idéia baca/ (é interrompida)

* * Lincow Silva - (Tõezim) - (Antônio Americano do Brasil Mineiro) - Nafranciscaaa!!!! O Dotô Virso mandô falá que vai te dá 6 mêis procê mudá a istrutura do garpão aqui. Cocê podi fazê o qui quisé indesde que dá resurtado.

* Ana Francisca - Que susto Antônio! (dá nele com a vassoura). E fala mais devagar. Qual a estrutura que o Dr Wilson quer que eu mude? Ah... e meu nome não é Nafrancisca, é Ana Francisca! E por falar em nome vou lhe apresentar um futuro político do Brasil: José Carlos!

* Tõezim - Prazer, Antônio Americano do Brasil Mineiro, mas pode me chamar de Tõezim. Bão... o Dotô falô que é procê inová... que é pra bolá arguma coisa pra se fazer desse garpão. Que ele te dá prenos poderis e que confia nocê.

* Ana Francisca - Mesmo, Antônio? Ou melhor, Tõezinho? Agora a pouco tive uma idéia e já vou usá-la aqui. Vou fazer daqui um espaço de descontração. Podemos colocar uns banquinhos com livros para a Leitura para todos, umas redes para os "quilinhos" depois do almoço (olha para José Carlos e ri)... mesinhas para bate papo... (leva um susto com a moça que entra nervosa)

** Larissa De Paula - ( Catherine Lira)  (entra espumando pela boca):


Encontrei meu marido às três horas da tarde

com uma loura oxidada.
Tomavam guaraná e riam, os desavergonhados.
Ataquei-os por trás com mãos e palavras
que nunca suspeitei conhecer.
Voaram três dentes e gritei, esmurrei-os e gritei,
gritei meu urro, a torrente de impropérios.
Ajuntou gente, escureceu o sol,
a poeira adensou como cortina.
Ele me pegava nos braços, nas pernas, na cintura,
sem me reter, peixe-piranha, bicho pior, fêmea-ofendida,
uivava.
Gritei, gritei, gritei, até a cratera exaurir-se.
Quando não pude mais fiquei rígida,
as mãos na garganta dele, nós dois petrificados,
eu sem tocar o chão. Quando abri os olhos,
as mulheres abriam alas, me tocando, me pedindo graças.
Desde então faço milagres.


CONTINUA
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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