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quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

De Eça de Queirós - Os Maias pelo Dr. Carlos Reis


No desenvolvimento da Edição Crítica das Obras de Eça Queirós, chega-se agora ao seu opus magnum, o romance Os Maias. Episódios da Vida Romântica, publicado pela primeira vez em 1888. Esta que é inquestionavelmente a obra mais conhecida, celebrada, estudada e imitada de Eça de Queirós constitui o ponto mais alto não só da sua produção literária, mas também da ficção portuguesa em todos os séculos. 


                                                  


Por força da sua dimensão e da sua complexidade narrativa e temática, Os
Maias exigiram demorada e trabalhosa escrita. Para além disso, durante cerca de dez anos, a acidentada e intermitente composição d’Os Maias conviveu com outros projetos e publicações. Por exemplo, com A Relíquia, de 1887, e com A
Correspondência de Fradique Mendes, cujos primeiros textos surgiram naquele ano de 1888. Durante esse tempo, com avanços e com recuos, com dúvidas e com entusiasmos (porventura mais aquelas do que estes…), Eça consagrou-se a uma tarefa cujo alcance literário e pertinência crítica não cessam de nos surpreender. A bem conhecida expressão que o romancista usou, numa carta de 20 de fevereiro de 1881 a Ramalho Ortigão, quando falou de “um romance em que pusesse tudo o que [tinha] no saco”, não consente muitas interpretações, para além daquela que é reforçada pelo contexto em que aparece: tratava-se de uma empresa extremamente ambiciosa, expressão culminante e genial de muito daquilo que Eça tinha para dizer aos seus contemporâneos e à posteridade.
E contudo, a escrita, a revisão e a edição d’Os Maias não estiveram isentas de dificuldades várias e de incidentes que, sendo em parte explicados pelo facto de o escritor viver fora de Portugal, quase levaram ao fracasso da iniciativa. Conforme na introdução a esta edição crítica está relatado de forma circunstanciada, Os Maias podiam simplesmente ter-se perdido, vítimas da desorganização e do desleixo de uma tipografia lisboeta. Felizmente não foi assim, para nosso benefício, como leitores e como admiradores desta “vasta machine”, conforme lhe chamou Eça, em carta de 10 de maio de 1884 a Oliveira Martins.


Carlos Reis, “Nota prefacial” a E. de Queirós, Os Maias. Episódios da Vida Romântica. Lisboa: Imprensa Nacional, 2017.
                                

                                                                              
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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