O debate sobre o julgamento do Lula ganhou um inesperado protagonista de
ultima hora, o economista americano Mark Weisbrot, que, de Washington,
escrevendo no “New York Times”, descreveu o que estava em curso no Brasil como
um golpe para acabar com o futuro politico do ex-presidente. Para Weisbrot o
golpe começou com a deposição da Dilma, e as provas ou ausência de provas
usadas para condenar Lula seriam ridicularizadas, por exemplo, num sistema
judiciário como o
dos Estados Unidos.
O texto do americano,
publicado no dia 24, circulou de mão em mão e de whatsapp em whatsapp entre os
apoiadores do Lula. O Brasil descrito de fora, ainda mais nas páginas do
“New York Times” tem a vantagem de desprezar os pormenores e fixar-se no essencial, e Weisbrot estava dizendo o que gostaríamos de acreditar. Mas que no final só serviu como consolo. Tudo bem, perdemos, mas pelo menos o “New York Times” nos entende.
“New York Times” tem a vantagem de desprezar os pormenores e fixar-se no essencial, e Weisbrot estava dizendo o que gostaríamos de acreditar. Mas que no final só serviu como consolo. Tudo bem, perdemos, mas pelo menos o “New York Times” nos entende.
O debate acabou sendo entre a palavra e o grito. A
palavra cheia de si dos juízes contra o grito de protesto das ruas. Os juízes
foram enfadonhos, mas meticulosos e didáticos, as ruas foram desorganizadas,
desarticuladas e desafinadas. Milhares andando e gritando nas ruas em favor de
Lula não tiveram a loquacidade de três juízes nas suas cadeiras macias. As
palavras dos juízes abafaram os gritos da rua. Não era preciso nem levantar a
voz. Foi covardia.
Não sei como costuma ser a liturgia em casos como o
do julgamento do dia 24, mas imagino que os advogados de defesa participem das
sessões para argumentar em favor dos seus clientes. Argumentar, teoricamente, é
tentar convencer, é esperar uma resposta, nem que seja por simples
cordialidade. Os juízes do dia 24 já tinham seus votos prontos e sincronizados.
O que o advogado do Lula estava fazendo lá? Se tivesse aproveitado para dar um
cochilo, ninguém o recriminaria.
O advogado australiano Geoffrey Ronald Robertson,
que representa Lula no Conselho de Direitos Humanos da ONU, participou da
sessão como convidado. Depois do julgamento, entre varias outras coisas que
erradas que flagrou, Robertson declarou-se escandalizado com a presença de um
representante do ministério publico, responsável pela acusação a Lula, sentado
junto com os juízes. Robertson já foi conselheiro da rainha da Inglaterra. Se
contasse o que viu por aqui para sua majestade, ela desmaiaria.
O que acontece agora? Vem aí um festival de
recursos, se entendi bem. Advogados contra juízes, palavra contra palavra.
Vamos ver no que dá. Enquanto isto, nossa imprensa bem que poderia publicar uma
foto do Mark Weisbrot. Gostamos de ver a cara dos nossos heróis.
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