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terça-feira, 2 de julho de 2019

Da Califórnia de João Bendito - Entrevista ao Portuguese Tribune



ENTREVISTA

“BARRO VERMELHO - ILHA BRANCA”   --  HISTÓRIAS DA GRACIOSA
NOVO LIVRO
DE JOÃO C. BENDITO

(No “Portuguese Tribune”, de Modesto, Califórnia)

P - Era natural que depois do livro do Tio Bailhão e do seu sucesso, que o João Bendito, quisesse enveredar por uma nova  experiência. Como foi pensado esse novo livro?

R - Ora bem, a edição do livro “A Loja do Ti Bailhão”, que aconteceu em Junho de 2015, foi uma experiência muito gratificante, não só para mim e para o meu irmão Jorge Bendito, coautor do livro, mas também para toda a nossa família. Foi o modo de reavivarmos as nossas memórias familiares e a maneira de preservar em livro a relação íntima que havia entre a Loja e a cidade de Angra, deixando assim um pequeno mas sincero legado às novas gerações, que poderão ter ouvido falar na Loja do Ti Bailhão mas não sabem bem do que se tratava.

Realmente ficámos muito satisfeitos com o acolhi- mento com que o livro foi recebido, não só em Angra mas sobretudo entre as comunidades de emigrantes, de tal modo que atualmente apenas temos duas dezenas de exemplares disponíveis, do total de 800 das duas edições.

Este novo livro, “Barro Vermelho – Ilha Branca”, surgiu como uma passagem natural, um recolher de crónicas que fui escrevendo e guardando, baseadas em temas diversos onde fui recordando as viagens de férias de verão para casa dos nossos avós maternos, na Ilha Graciosa.

P - Porquê a temática graciosense e das suas gentes?

R - Eu não nasci na Graciosa mas não me importava nada se tal tivesse acontecido. A minha mãe era natural da Ilha Branca e, na nossa casa em Angra, respirávamos Graciosa por todos os poros. Eram as cartas da avó que regularmente nos mantinham em contacto com o resto dos familiares, eram as cestas de fruta que o avô nos mandava, era o intercâmbio comercial que o meu pai mantinha na sua Loja, onde vendia o vinho que o nosso avô graciosense produzia, enfim, éramos tanto terceirenses como graciosenses. A nossa casa era o ponto de paragem de tios, primos e amigos que, de passagem para outros destinos ou apenas para visitas de consultas médicas, ali permaneciam o tempo que fosse necessário.

Por outro lado, desde muito novos que eu e os meus irmãos passávamos as férias de verão na Graciosa. Eram tempos memoráveis, tudo era diferente, até parecíamos mais livres. Foram essas recordações que nunca me deixaram... o modo como as pessoas me tratavam, as amizades que criei e que, mesmo à distância de mais de cinquenta anos, ainda perduram. Este livro é o meu regresso que, durante todos estes anos, foi sendo sempre adiado. Daí até o título do livro, que imaginei como um voltar ao lugar mágico que é o Barro Vermelho, na Ilha Branca. Infelizmente já não vou encontrar muitos dos familiares, nem mesmo os baleeiros e pescadores que tanto admirei, os vindimadores com quem apanhei cachos de negras uvas e outros amigos que já desapareceram mas pretendo, com as estórias que conto neste modesto trabalho, manter viva a memória desses tempos maravilhosos e homenagear as gentes da Graciosa, que tanto me ensinaram.


Contudo, gosto de afirmar que este livro não foi pensado para ser lido só por graciosenses, já que as estórias e situações nele descritas poderiam ter acontecido em qualquer freguesia ou ilha dos Açores.

P - Sabemos que a apresentação do livro vai ter lugar durante as Festas do Senhor Santo Cristo na Graciosa e depois na Costa Leste em Lowell. Quais serão as datas e os locais?

R - Foi nossa intenção dar prioridade à Graciosa no lançamento deste livro. Contactámos a Câmara Municipal de Santa Cruz que prontamente deu o seu aval e o seu apoio à ideia. Assim, lá estarei, no dia 9 de Agosto e prezo informar que terei a meu lado os Amigos Maria das Mercês Coelho e Manuel Jorge Lobão, que farão a apresentação formal do livro. Devo-lhes um agradecimento muito especial, eles foram a grande base onde me apoiei para trazer este livro à estampa. Depois, a 12 de Agosto, pelas 18 horas, levamos o nosso livro até à Biblioteca Pública e Arquivo Distrital Luís da Silva Ribeiro, em Angra do Heroísmo, onde espero encontrar muitos dos meus amigos terceirenses. O apresentador será, neste caso, o conhecido poeta e homem da cultura, J. H. Álamo Oliveira, que já nos acompanhou em 2015, aquando no nosso primeiro livro. Contamos ter, nessa mesma sessão, uma exposição de Violas da Terra construídas pelo violeiro Manuel Lobão.

Recebi também um convite para apresentar o livro “Barro Vermelho – Ilha Branca”, a 19 de Outubro, no 16o Jantar Convívio Graciosense, uma festa anual que se realiza em Lowell, Mass, convite esse que me deixou deveras sensibilizado.

P - Como será na Califórnia?

R - Por enquanto ainda não há datas certas mas já estabelecemos contactos com a direção da Filarmónica Nova Aliança de San Jose, para estarmos presentes numa sessão que deverá acontecer possivelmente no fim de Setembro. E, de certeza, mais outros eventos se seguirão.

P - Sabemos que fazer livros tem os seus custos. Teve a ajuda necessária para minorar esses custos? Como se poderá adquirir o livro?

R - É verdade, não é nada fácil publicar um livro e tudo se torna mais difícil se é feito à distância, isto é, se os possíveis leitores estão divididos por dois continentes. Os custos de transporte são enormes e depois há as dificuldades logísticas de pôr tudo em ordem, embora as novas tecnologias de comunicação possam encurtar os caminhos. Para além da Câmara Municipal de Santa Cruz, não tivemos apoio de mais nenhum organismo oficial. Tivemos sim apreciáveis ajudas da Caixa Económica da Misericórdia de Angra, deste jornal “Tribuna Portuguesa”, de Modesto e de um grupo de amigos imigrantes, que amavelmente responderam ao nosso pedido. A todos manifesto aqui o meu mais sincero agradecimento.

Interessados no livro podem contactar-me por email joaobendito@yahoo.com ou pelo telefone (510) 786 8660

P - Quem foi a editora?

R - Este livro poderia ter sido publicado já o ano passado mas eu entendi que ele teria que ser “construído” pelo meu Amigo Tony Goulart, da Bridge Books, de San Jose, CA. Por diversas razões só agora foi possível levar avante este projeto. Como já o havia feito com o livro sobre a Loja do meu pai, o Tony Goulart fez toda a composição e desenho gráfico do livro. Para efeitos de distribuição nos Açores, contamos com a prestável colaboração de Liduíno Borba, da Turiscon Editora. É para mim uma honra ter tido estes dois Amigos associados ao projeto do “Barro Vermelho – Ilha Branca”, dois homens que têm dedicado muito da sua vida à edição e publicação de livros junto das comunidades de imigrantes.

P - O Tribuna ao vosso dispor.

R - Apenas duas palavras para agradecer aos responsáveis pela “Tribuna Portuguesa” a vossa disponibilidade em aceitarem as minha modesta colaboração e todo o apoio dispensado à publicação dos meus livros. De notar que foi o vosso Diretor Gráfico, Roberto Ávila, que embelezou esta edição com o desenho das capas do livro. Faço um apelo para que os nossos imigrantes assinem o vosso jornal, um baluarte das nossas comunidades. E, já agora, se me permitem, gostaria de expressar o meu agradecimento também a todos os que se dispuserem a adquirir e ler o “Barro Vermelho - Ilha Branca”. Bem Hajam!

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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