Jaqueline confessou que, desde muito nova, seguia os meus passos, ela que também viveu alguns anos no Corpo Santo, bairro onde fui nado e criado. E neste nosso primeiro encontro no Café Aliança (o café servido pelo António, um ferrenho benfiquista, mas sempre bom amigo), começou por me dizer que, naquele tempo em que eu era adolescente, me achava uma pessoa tímida, envergonhada. Tive que dizer à Jaqueline que isso correspondia à verdade. Problemas de vária ordem na origem desta minha forma de estar e, também, pelo facto de pegar na fala. Até me chamavam de gago, entre outras coisas. Isso me deixava desmoralizado perante os meus amigos e conhecidos e, naturalmente, muito preocupado e simultaneamente triste por ser, em alguns casos, marginalizado. Mas sempre pensava que um dia iria dar a volta por cima. Para o efeito, o tempo seria o melhor conselheiro. Mas lá chegaremos.
Enquanto saboreávamos a bica da ordem, Jaqueline pediu-me autorização para, ao longo destes encontros, falarmos de outros assuntos relacionados com a minha pessoa, porque, segundo ela, havia muito para explorar, nomeadamente sobre a minha carreira e não só. Ficou combinado manter o Café Aliança como o local dos nossos encontros, sem preferências de empregados para nos servir o café ou até mesmo um almoço da ordem. E Jaqueline, que é perspicaz, também foi adiantando que seria um prazer sermos atendidos pelo José António Pacheco, um dos proprietários e um homem que adora o Brasil. Já são praticamente 30 vezes que se deslocou a Terras de Vera Cruz, com amigos, amigas e, também, com um empregado o Carlos Henrique que ficou deslumbrado com a mulherada deste país.
(Continua)
Publicações às segundas, quartas, sextas e domingos.
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