Café Aliança, 9 da manhã, chegamos sem atraso em relação à hora combinada.
Jaqueline quis saber da história do Albafar-Tubarão que apareceu na baia de Angra do Heroísmo e que eu presenciei quando brincava no Adro Santo.
Presencialmente, eu ainda muito criança, estou ligado a um facto que ocorreu na baía de Angra do Heroísmo nos anos 50. Nesse dia, a meia-tarde, surgiu na baia de Angra algo inédito naquela zona. Como sempre com os seus binóculos, o tio Bernardo no Adro Santo viu aquele animal, supostamente um Albafar-Tubarão, por ali praticamente parado e, de imediato, mandou recado para o Augusto Ávila que, reunindo a sua tripulação, lançou-se ao mar e, amarrado com uma corda, o Albafar, que estava ferido, foi trazido para o varadouro do Porto das Pipas e, durante alguns dias, muita gente ali se deslocou para ver o Albafar-Tubarão, Inclusive pessoas que tiravam fotografias ao lado daquele bicho enorme.
Eu estava brincando no Adro Santo com a minha atiradeira, tentando acertar em alguma garça que por ali passava. Foi então que o tio Bernardo me chamou a atenção sobre o que estava a ver.
Vejamos o que se sabe do Albafar: Cação da família dos hexanquídeos (Hexanchus griseus), comum no Mediterrâneo, mas igualmente encontrado nos outros oceanos, de corpo cinza escuro e ventre de tonalidade mais clara, que raramente surge à superfície da água, preferindo viver em profundidades de mais de 100 metros; abafar.
Só que este estava à tona pelo motivo referido, ou seja, revelava ferimentos.
Ainda esclareci a Jaqueline que os jogadores do Marítimo, a partir daí, passaram a ser conhecidos por “Albafares do Mar”.
Também contei à Jaqueline que no Adro Santo, mas ali ao lado quem ia para Cantagalo, presenciei outro acontecimento, mas este de tristeza. E lá estava o tio Bernardo de novo. Nessa tarde, eu brincava com o Firmino Santos (meu velho amigo que emigrou para os Estados Unidos e veio a falecer na Terceira numa das suas vindas às Festas Sanjoaninas) quando passou a “Maria Sabina” que se lançou pela rocha abaixo, corolário do seu desequilíbrio mental. Ainda corri para o local mais o Firmino Santos, mas nem perto conseguimos chegar. Ainda hoje lembro-me que o tio Bernardo perguntou à Maria o que ela ia fazer, talvez adivinhando o desfecho daquele intuito, o que não era a primeira vez.
Jaqueline, em função das suas pesquisas pessoais junto de outras pessoas do bairro, soube da história do Albafar, mas desconhecia que a “Maria Sabina” algumas vezes se tentou suicidar da forma que acima descrevemos.
Jaqueline ficou satisfeita a ouvir estes dois registos e com a particularidade de não me interromper.
Na próxima sexta-feira, não posso precisar o que trará na manga a Jaqueline. Vamos continuar no bairro do Corpo Santo ou ela quererá uma mudança de assuntos?
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