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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Quinto encontro


Manhã já muito friorenta (O Inverno está à porta) e, pelas 9 horas, a azáfama no Café Aliança já era grande. Entrei com a Jaqueline perante alguns olhares curiosos, o que já era normal. Jaqueline, com os seus 55 anos, é uma estampa de mulher, naturalmente muito cobiçada, mas o seu comportamento não permite que os mais atrevidos lhe possam enviar piropos. E se o fizerem perto da Jaqueline, podem sofrer as consequências, ela que treina “boxe”. Confidenciou-me que bem lhe apetecia dar um murro num certo sujeito que entra no café todas as manhãs. Lá me disse o nome, mas não divulgo. Apenas deixo a dica de que foi presidente de um clube citadino.

Bom... Jaqueline questionou-me sobre o Café Atlântico histórico da cidade de Angra do Heroísmo durante muitos anos, com os irmãos Mário e Telmo e o Tio Chico. Gente que passou pelo Brasil.

Transmiti à Jaqueline que do Corpo Santo muita gente frequentava o Café Atlântico que, recordando, na época estival colocava a sua esplanada no Pátio da Alfândega. Muita movimentação, sobretudo em “Dia de São Vapor”.

Acrescentei que, com os meus 13-14 anos de idade, lá estava aos domingos para ouvir os relatos de futebol, conjuntamente com outra gente mais velha, citando, entre outros, Chico Toste, Enfermeiro Frederico Sancho, Alberto Dentista, Aurélio Borges. Só o Leôncio não queria nada com o futebol. Para ele só um jogo de damas ou xadrez, de preferência num “despique” com o Chico Toste. Era de partir a moca a rir quando o Chico Toste levantava a voz e o Leôncio, com as suas imponentes barbas, muito quieto. Quando ganhava glosava muito e o Chico Toste se irritava, assim no género quando o Benfica sofria um golo.

Prometi à Jaqueline que, na oportunidade, lhe apresentava um dos filhos do Chico Toste, meu amigo João Toste. A Jaqueline lembra-se do António José (o outro filho), mas esclareci que já não vem à Terceira há muito tempo. Muito atarefado com o que faz no Porto.

Ainda sobre o Café Atlântico, fiz recordar as não menos célebres jogatanas de bilhar às três tabelas. E muitos espectadores quando a “elite” estava usando os dois bilhares existentes. Falo do Aurélio Borges, Reinaldo Pereira, António Maria e Daniel, dois empregados do café. Reinaldo Pereira é o único sobrevivente, tendo recentemente completado 90 anos de idade.

Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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