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485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Do poeta, escritor, jornalista, colunista do jornal GLOBO, Luís Fernando Veríssimo - FINAIS


FINAIS

Não sei se serve de consolo, mas a humanidade já esteve mais de uma vez à beira de um apocalipse que acabou não vindo, variando apenas o fim do mundo imaginado por cada geração. Lembro que, quando a ameaça era uma guerra atômica de extermínio mútuo entre União Soviética e Estados Unidos, com o resto da humanidade sofrendo as sequelas radioativas daquela demência alheia, fiz um poema, ou coisa parecida, com a mesma intenção que repito agora, a de amainar o que parecia ser o terror final. Vamos lá.

“Quando a Terra acabar

Numa grande explosão nuclear

E tudo virar pedaço

Seja pedra, pau ou aço

E continentes e mares

Forem pelos ares

E a Grande Muralha da China

For reduzida a uma esquina

E os Alpes, a uma autoestrada

Levando do nada ao nada

Sei que então, só então

Voando em formação

Com moedas e dedais

E restos de catedrais

Aparecerá, rubicundo

Meu chaveiro do

Internacional

campeão do mundo.”

-

Qual é o seu verso favorito do Aldir Blanc? Escolha difícil, ele nunca foi menos do que ótimo e muitas vezes genial. Minha escolha: o final de Dois pra Lá, Dois pra Cá. Alguma vez um homem já esteve tão perdido de amor por uma mulher, incluindo o seu perfume Gardênia, do que o homem que a tem nos braços, dançando, na letra do Aldir?

“A tua mão no pescoço

As tuas costas macias

Por quantas noites rondaram

As minhas noites vazias...

No dedo um falso brilhante

Brincos iguais ao colar

E a ponta de um torturante

Band-aid no calcanhar.”
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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