Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
Machado de Assis
A amizade é como um círculo e como um círculo não tem começo nem fim.
Machado de Assis
A primeira glória é a reparação dos erros.
Machado de Assis
As ocasiões fazem as revoluções.
Machado de Assis
O amor é o rei dos moços e o tirano dos velhos.
Machado de Assis
O amor é o egoísmo duplicado.
Machado de Assis
Não se perde nada em parecer mau - ganha-se tanto como em sê-lo.
Machado de Assis
Também a dor tem suas hipocrisias.
Machado de Assis
O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito, desfaz-se - basta
a simples reflexão.
Machado de Assis
Dormir é um modo interino de morrer.
Machado de Assis
O tempo é um rato roedor das coisas, que as diminui ou altera no sentido
de lhes dar outro aspecto.
Machado de Assis
Amor repelido é amor multiplicado.
Machado de Assis
De todas as coisas humanas, a única que tem o fim em si mesma é a arte.
Machado de Assis
O destino, como os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o
desfecho.
Machado de Assis
A vaidade é um princípio de corrupção.
Machado de Assis
Não há alegria pública que valha uma boa alegria particular.
Machado de Assis
Suporta-se com muita paciência a dor no fígado alheio.
Machado de Assis
A fortuna troca, às vezes, os cálculos da natureza.
Machado de Assis
Ruínas
(...)
Risos não tem, e em seu magoado gesto
Transluz não sei que dor oculta aos olhos;
— Dor que à face não vem, — medrosa e casta,
Íntima e funda; — e dos cerrados cílios
Se uma discreta muda
Lágrima cai, não murcha a flor do rosto;
Melancolia tácita e serena,
Que os ecos não acorda em seus queixumes,
Respira aquele rosto. A mão lhe estende
O abatido poeta.
Ei-los percorrem
Com tardo passo os relembrados sítios,
Ermos depois que a mão da fria morte
Tantas almas colhera.
Desmaiavam, nos serros do poente,
As rosas do crepúsculo.
“Quem és? pergunta o vate; o sol que foge
No teu lânguido olhar um raio deixa;
— Raio quebrado e frio; — o vento agita
Tímido e frouxo as tuas longas tranças.
Conhecem-te estas pedras; das ruínas
Alma errante pareces condenada
A contemplar teus insepultos ossos.
Conhecem-te estas árvores. E eu mesmo
Sinto não sei que vaga e amortecida
Lembrança de teu rosto.”
Desceu de todo a noite,
Pelo espaço arrastando o manto escuro
Que a loura Vésper nos seus ombros castos,
Como um diamante, prende. Longas horas
Silenciosas correram. No outro dia,
Quando as vermelhas rosas do oriente
Ao já próximo sol a estrada ornavam
Das ruínas saíam lentamente
Duas pálidas sombras:
O poeta e a saudade.
Machado de Assis
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