Nos
tempos de outrora, muita coisa aconteceu nos “derbys” entre o Lusitânia e o
Angrense. Os lenços brancos provindos da massa lusitanista, misturados com a
célebre frase “lá vai a procissão das velas”. Do outro lado, igual réplica
quando o(s) triunfo(s) sorria(m) aos encarnados. Desse tempo, recentemente vi
fotos no facebook. Só não vi o Francisco Almeida, de pé, gritando “essa bola
prá baliza, verdes” e, por outro lado, o tio Chico Gamela (bisavô do RL) e o
filho
(Orlando) protestando contra o árbitro, não esquecendo ainda o Ourique que, do bar que explorava no recinto do jogo, chamava nomes feios ao seu filho, Carlos “Chamarrita”, que jogava no rival Angrense. Foram, entre outras, e já falecidas, figuras marcantes dos jogos entre Angrense e Lusitânia, jogos esses que enchiam literalmente o então denominado Campos de Jogos da Cidade.
(Orlando) protestando contra o árbitro, não esquecendo ainda o Ourique que, do bar que explorava no recinto do jogo, chamava nomes feios ao seu filho, Carlos “Chamarrita”, que jogava no rival Angrense. Foram, entre outras, e já falecidas, figuras marcantes dos jogos entre Angrense e Lusitânia, jogos esses que enchiam literalmente o então denominado Campos de Jogos da Cidade.
Jogos que, também, foram assinalados por infortúnios de alguns atletas,
situações que causaram revolta nas respectivas claques (aqui no Brasil diz-se
torcida), corolário da enorme compita que existia entre verdes e encarnados.
Hoje, para muitos (eu também incluído) os bons-velhos-tempos dos “derbys”, que
muito mais tarde fiz parte, ora como árbitro, ora como treinador e,
naturalmente, como cronista. Mas, por amor à verdade, direi que o calor humano
que rodeava os jogos já não era o mesmo. Os de antigamente (entre Lusitânia e
Angrense, é desses que estamos a falar) eram muito diferentes em termos de
entusiasmo. Salientaria aqui, no que concerne a lesões de maior gravidade (uma
para cada lado), os lances em que João Maciel (guarda-redes do Angrense)
interveio com João Macoco e Costa (Lusitânia) com Jofre. João Macoco e Jofre
sofreram fracturas da tíbia e perónio. Assuntos quentes nas semanas que se
seguiram, com troca de provocações entre verdes e encarnados.
Mas, por outro lado, houve um Angrense-Lusitânia que ficou marcado por uma
inesperada interrupção. Uma cena de certo modo tragicómica. A bola havia saído
pela lateral junto ao balneário dos árbitros e, quando se preparava para efetuar
o respectivo lançamento, o lateral-direito do Angrense, Serra foi atacado por
um enxame de abelhas que estavam escondidas num monte de relva. O mesmo sucedeu
com o árbitro Alfredo Esteves que, perto do local, foi também molestado pelos
insectos himenópteros. O jogo ficou interrompido até que as abelhas
desaparecessem, com o público a delirar com o acontecimento. Óbvio o público
afecto ao Lusitânia, para mais se tratando de um jogador do Angrense e também o
árbitro que estava a ser muito contestado pelos “leões”. E quando os
protagonistas circulavam pelas ruas da cidade, logo aflorava a provocaçãozinha
da ordem: olha as abelhas!
Do paradeiro dos dois, apenas sei do Serra que encontrei várias vezes na
Graciosa, para onde foi viver mais tarde e ali acabaria por falecer, mas sem
abelhas. O Alfredo Esteves, então sargento do BII17, também falecido.
NOTA FINAL – Ainda me recordo de um outro episódio quando, numa determinada
semana, foi anunciada a vinda do guardião João Azevedo (Sporting) para
substituir o então titular do Lusitânia. Sardinha ou Afonso Serpa, esta a minha
dúvida. Jogava-se o jogo decisivo entre os dois velhos rivais. Não veio João
Azevedo e a baliza do Lusitânia foi confiada a Natálio “Banana” que cumpriu a
preceito, uma vez que a vitória sorriu aos “leões” por 1-0.
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