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sábado, 16 de junho de 2018

Da minha intervenção na Ratel Web Rádio - Rádio Face



Nos tempos de outrora, muita coisa aconteceu nos “derbys” entre o Lusitânia e o Angrense. Os lenços brancos provindos da massa lusitanista, misturados com a célebre frase “lá vai a procissão das velas”. Do outro lado, igual réplica quando o(s) triunfo(s) sorria(m) aos encarnados. Desse tempo, recentemente vi fotos no facebook. Só não vi o Francisco Almeida, de pé, gritando “essa bola prá baliza, verdes” e, por outro lado, o tio Chico Gamela (bisavô do RL) e o filho
(Orlando) protestando contra o árbitro, não esquecendo ainda o Ourique que, do bar que explorava no recinto do jogo, chamava nomes feios ao seu filho, Carlos “Chamarrita”, que jogava no rival Angrense. Foram, entre outras, e já falecidas, figuras marcantes dos jogos entre Angrense e Lusitânia, jogos esses que enchiam literalmente o então denominado Campos de Jogos da Cidade.


Jogos que, também, foram assinalados por infortúnios de alguns atletas, situações que causaram revolta nas respectivas claques (aqui no Brasil diz-se torcida), corolário da enorme compita que existia entre verdes e encarnados. Hoje, para muitos (eu também incluído) os bons-velhos-tempos dos “derbys”, que muito mais tarde fiz parte, ora como árbitro, ora como treinador e, naturalmente, como cronista. Mas, por amor à verdade, direi que o calor humano que rodeava os jogos já não era o mesmo. Os de antigamente (entre Lusitânia e Angrense, é desses que estamos a falar) eram muito diferentes em termos de entusiasmo. Salientaria aqui, no que concerne a lesões de maior gravidade (uma para cada lado), os lances em que João Maciel (guarda-redes do Angrense) interveio com João Macoco e Costa (Lusitânia) com Jofre. João Macoco e Jofre sofreram fracturas da tíbia e perónio. Assuntos quentes nas semanas que se seguiram, com troca de provocações entre verdes e encarnados.

Mas, por outro lado, houve um Angrense-Lusitânia que ficou marcado por uma inesperada interrupção. Uma cena de certo modo tragicómica. A bola havia saído pela lateral junto ao balneário dos árbitros e, quando se preparava para efetuar o respectivo lançamento, o lateral-direito do Angrense, Serra foi atacado por um enxame de abelhas que estavam escondidas num monte de relva. O mesmo sucedeu com o árbitro Alfredo Esteves que, perto do local, foi também molestado pelos insectos himenópteros. O jogo ficou interrompido até que as abelhas desaparecessem, com o público a delirar com o acontecimento. Óbvio o público afecto ao Lusitânia, para mais se tratando de um jogador do Angrense e também o árbitro que estava a ser muito contestado pelos “leões”. E quando os protagonistas circulavam pelas ruas da cidade, logo aflorava a provocaçãozinha da ordem: olha as abelhas!

Do paradeiro dos dois, apenas sei do Serra que encontrei várias vezes na Graciosa, para onde foi viver mais tarde e ali acabaria por falecer, mas sem abelhas. O Alfredo Esteves, então sargento do BII17, também falecido.

NOTA FINAL – Ainda me recordo de um outro episódio quando, numa determinada semana, foi anunciada a vinda do guardião João Azevedo (Sporting) para substituir o então titular do Lusitânia. Sardinha ou Afonso Serpa, esta a minha dúvida. Jogava-se o jogo decisivo entre os dois velhos rivais. Não veio João Azevedo e a baliza do Lusitânia foi confiada a Natálio “Banana” que cumpriu a preceito, uma vez que a vitória sorriu aos “leões” por 1-0.




Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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