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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

De Osvaldo Cabral - Jornalista e diretor do Correio dos Açores


Protecção e impunidade

A explicação da Presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, que publicamos aqui ao lado, não esclarece nada, resguardando-se para a sede de inquérito, cujas conclusões esperamos sejam públicas.
Olga Freitas defende-se ao dizer que não cometeu qualquer ilegalidade, porque de facto não foi ela que tomou a decisão do “desvio” do helicóptero, na medida em que esta responsabilidade não lhe pertence, mas interferiu utilizando abusivamente o seu cargo, contrariando as ordens da equipa médica reguladora.
A Dra. Catarina Soares é clara, quando denuncia na carta enviada ao Presidente da Protecção Civil (ver edição de ontem deste jornal) que a Dra. Olga Freitas contactou com a médica reguladora para dizer que “a evacuação prioritária seria a da utente do CS da Calheta”, para além de ter feito “vários contactos telefónicos para a médica reguladora, e os médicos especialistas intervenientes na evacuação, manifestando a sua opinião sobre a situação em questão e dificultando de algum modo o trabalho da última”.
Mais claro e mais grave do que isto?
Há uma outra coisa gravíssima na nota da Presidente do Hospital de Angra, quando lamenta que nunca tenha sido notificada sobre a queixa, quer pela Protecção Civil, quer pela Direcção Regional de Saúde.
Ora, o Secretário Regional da Saúde, na resposta que nos enviou quando revelamos o caso, diz que a Direcção Regional de Saúde “após análise dos processos” decidiu não “existir necessidade de abertura de inquérito”.
Então um organismo com esta responsabilidade, perante factos tão graves relatados por escrito, analisa os processos e não contacta com a Presidente do Hospital?
É este clima de proteccionismo e de sensação de impunidade que se vive nalguns organismos públicos que revolta qualquer cidadão.
Louve-se a atitude enérgica do Presidente do Governo que, ao contrário do Secretário Regional, percebeu que podemos ter aqui um caso de extrema gravidade de abuso de poder e protecção.
Um Secretário que não compreendeu isso - ou fez que não compreendia - não merece exercer o cargo.

(Osvaldo Cabral in Jornal Diário dos Açores de 10/08/2018)
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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