Marcolino Candeias
morreu em Angra no dia 1 de maio
de 2016
Morreu no Dia do Trabalhador.
Marcolino Candeias é autor de uma obra poética onde se destaca "Ode a
Angra minha cidade em tom de elegia".
Poeta e diretor da Biblioteca
Pública e Arquivo de Angra do Heroísmo, Marcolino Candeias nasceu em 1952 na
freguesia das Cinco Ribeiras.
Foi no Liceu de Angra do Heroísmo, nas antigas instalações do Convento de São
Francisco, que começou a despertar para o gosto pela escrita.
Após uma experiência no jornal estudantil "Vida Académica", Marcolino
Candeias colaborou com o suplemento literário "Glacial", que foi
publicado nas páginas do extinto jornal diário "A União", na altura
dirigido por Artur Cunha de Oliveira.
Em 1971, publicou o seu primeiro livro de poesia, com o título "Por ter
escrito Amor", numa altura em que surgiu na Terceira uma nova geração de
poetas como Álamo Oliveira, Santos Barros, Ivone Chinita ou Rui Rodrigues.
Alguns anos mais tarde, deu à estampa "Ode a Angra minha cidade em tom de
elegia", que constitui uma referência na sua obra poética.
Cumpriu serviço militar em Angola, durante o período da descolonização, como
alferes miliciano do ramo da Artilharia.
Depois de ter concluído a licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas e o e
bacharelado em Filologia Românica pela na Universidade de Coimbra foi professor
no ensino secundário e assistente universitário em Coimbra e na Universidade
dos Açores.
Em 1984, edita o livro "Na distância deste tempo", quando estava a
iniciar uma nova fase da sua vida no Canadá.
Durante os onze anos em que viveu na província canadiana do Quebeque foi
professor convidado (leitor) de Língua, Literatura e Culturas Portuguesa e
Brasileira na Universidade de Montreal e desempenhou as funções de assessor e
secretário executivo do conselho de administração da Caisse d'
ÉconomiedesPortugais de Montréal, cooperativa de poupança e crédito, fundada
por emigrantes portugueses, para além de se ter envolvido na campanha para o referendo
da independência do Quebeque.
Publicou, ao longo dos anos, textos em jornais e revistas nacionais e
estrangeiras e alguns dos seus poemas foram traduzidos para inglês e eslovaco.
É também o autor de estórias orais, de que existem registos videográficos, que
relatam a visão de um antigo emigrante terceirense de origem rural na
Califórnia (Joe Canoa).
Alguns dos seus poemas foram musicados por compositores açorianos e estão
integrados em antologias de poesia açoriana.
Regressou à Terceira em 1997 para exercer as funções de diretor da Casa da
Cultura da Juventude de Angra do Heroísmo, tendo sido nomeado, dois anos mais
tarde, para o cargo de diretor regional da Cultura. Foi o último diretor do
Gabinete da Zona Classificada de Angra do Heroísmo e exerceu até à sua morte as
funções de diretor da Biblioteca e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo.
2. O poeta, Marcolino Candeias,
faleceu em Angra do Heroísmo no 1º DE Maio de 2016. Tinha 64 anos.
HOMENAGEM DA CASA DOS AÇORES DO NORTE
AQUI
NÃO TEM SABIÁ
Para a Deka
Não tem sabiá aqui nem tem palmeiras.
Aqui rapadura não tem meu bem
nem pé-de-moleque nem brigadeiro metido
em tudo quanto é sítio. E mesmo
teu pezinho de jabuticá meu bem
já virou quindim
lá bem no meiinho da chacrinha da memória.
Aqui saudade às vezes tem. Te bate negra.
Mas não dá princesa pra chamar a polícia.
Isso são uns bem caipira nem sabem o que é cachaça.
Tudo uns tatu velho que não tem mais jeito.
É quando de Chico pra Gilberto e de Elis pra Bosco tu viras sagui
e por toda a casa
uma orgia de orixás
bota uma alegria danada que desconchava direito
esta minha sisudez de quem nasceu no mar.
Aqui meu bem não tem sabiá não.
Aqui tem só uma gracinha sorrindinho.
Tem você, né?
Marcolino Candeias
(Montréal, Novembro, 1990)
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