NOTAS DO
MEU CANTINHO
Vive-se o
silêncio da Quaresma.
Por estas
bandas não é habitual a realização das romarias como acontece na ilha de São
Miguel. No entanto realizavam-se, durante as Domingas Quaresmais, diversas
procissões próprias do tempo litúrgico. No primeiro domingo era a procissão da
Penitência, com o Senhor Morto e diversos andores
com imagens de Santos de
Penitência. Até havia um casal, Santa Delfina, se não estou em erro e o marido,
Santo Ildefonso, se não estou em erro, e no terceiro domingo a procissão de
Passos. À noite os devotos percorriam aos grupos os mesmos passos, fazendo suas
preces.
No
Domingo de Penitência comemorava-se a crise sísmica que ocorreu nesta Ilha nos
anos de 1718 – 1720 (está a decorrer o terceiro centenário) e que tão
devastador foi para a Ilha, obrigando a uma emigração precipitada para o
Brasil.
A Semana
Santa era celebrada com grande esplendor litúrgico, havendo matinas cantadas na
Quinta e Sexta Feiras Santas. A população, geralmente católica, acorria a estes
actos com recolhimento e devoção.
Uma das
razões que levava a igreja a celebrar a Semana Santa com tão grande aparato
residia no facto de haver muito clero disponível que auxiliava no canto e na
pregação.
Hoje, de
facto, isso não acontece levando o povo a tornar-se ausente dos brilhantes
actos litúrgicos que terminavam com a grande Procissão da Ressurreição
realizada esplendorosamente no Domingo de manhã a encerrar o cerimonial.
Tudo
agora é muito diferente. A população, por estes lados, diminuiu, tem além disso
outras obrigações e para a realização das cerimónias já não existe o clero
suficiente. Outras razões haverá mas julgo que estas são as principais. De
referir que até à Semana Santa os paroquianos cumpriam o dever Pascal, subindo
à igreja paroquial para esse preceito. Assim, o que praticamente resta da
Semana Santa são um ou outro cerimonial litúrgico e uma ou outra procissão.
Sinais
dos tempos - dirão. Sinal da indiferença religiosa que o mundo atravessa -
direi…
Lajes do
Pico, 6 Março de 2018
E. Ávila
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