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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

A violência que grassa no Brasil



Quando em 20 de agosto de 2004 zarpei para o Brasil tinha a noção de que se tratava de um país com problemas de violência. No início, apercebi-me de que, efetivamente, todo o cuidado era pouco nas maiores cidades, nomeadamente no Rio de Janeiro e em São Paulo, as mais badaladas em função claro está do
enorme índice populacional, daí um maior aglomerado das conhecidas favelas onde se movimenta o tráfico de drogas e consequentemente a luta entre facões para um lugar privilegiado no que concerne às vendas dos produtos adquiridos (e fabricados) pelas próprias. Nesse sentido, um esgrimir que, pelos vistos, não terá apaziguamento, inclusive com a intervenção policial. Os traficantes movimentam-se em toda e qualquer zona, de acordo com o que nos tem sido dado a observar.

Foi visível que, neste espaço de tempo (os tais 12 anos da minha permanência no Brasil), a violência grassou assustadoramente. Mortes contínuas, assaltos a edifícios, ônibus (autocarros para os portugueses), sequestros e por aí fora. Mas, como tudo isto tristemente já não bastasse agora se constata, sobretudo em plena madrugada, os assaltos dos encapuçados aos ônibus. E foi assim que, pela primeira vez, sentimos na pele a ação desses assaltantes quando passávamos numa zona da Bahia, lugar esse em que os bandidos surpreendem quem por ali passa em plena madrugada. Colocam troncos de árvores na estrada para imobilizarem os veículos. Dos oito assaltantes que compunham a quadrilha, três entraram no ônibus fortemente armados gritando: “queremos celulares e dinheiro”. Óbvio que ninguém podia ali reagir perante a mira das armas. Mas, o que mais nos chocou foi vermos uma criança de oito meses com a arma apontada à sua cabeça e, também, um paraplégico que seguia viagem e que, pela sua condição de deficiente físico, pedia para que não mexesse com ele com a frase “eu sou paraplégico”, mas isso não moveu o bandido que o abordava de qualquer sentimento para com aquele homem sem pernas e imobilizado de um dos braços. Assustado ele gritava e recebeu do assaltante um toque com a arma, com o intuito de fazê-lo calar. De resto, também o paraplégico ficou sem o celular e o dinheiro que tinha para o resto da viagem, aliás, à semelhança do que aconteceu com os restantes passageiros, sobretudo aqueles que mais se intimidaram perante a agressividade desses malfeitores, amigos do alheio imbuídos com um espírito de violência, muitos deles sobre os efeitos das drogas.

E as notícias sobre assaltos a ônibus tem sido uma constante. Em muitos casos há passageiros que são baleados sem dó nem piedade. As empresas respectivas dizem que não têm responsabilidades, uma vez que compete ao governo a segurança dos cidadãos. E assim vai continuar o massacre a pessoas indefesas e que ficam privadas de uma viagem tranquila, para além do dinheiro que lhes é roubado. Na minha viagem, eu vi pessoas que ficaram sem dinheiro algum, mas, mesmo assim, e só neste caso, a empresa Itapemirim deu almoço e transporte para seguirem para as suas próprias casas.

E agora temos os motins nos presidiários com muitas mortes à mistura. O sistema penitenciário no Brasil está o caos, maior incidência no que se passa em Natal. Os presidiários já são os controladores dessas prisões. Natal está em “pé de guerra” entre fações do tráfico, nomeadamente em Alcaçaz.
Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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