485º Aniversário da Cidade de Angra do Heroísmo

sábado, 25 de agosto de 2018

Do poeta-escritor-jornalista Luís Fernando Veríssimo



DAMIR

Teve um juiz que deu um pênalti no primeiro minuto de uma decisão de Copa do Mundo, não me lembro quando. O juiz virou uma legenda. Parece que foi embalsamado em vida e está até hoje em exposição na sede da FIFA, como exemplo de coragem e auto-confiança para os outros. Mas nenhum outro juiz, que eu saiba, tinha seguido seu exemplo - até o recente jogo Japão x Colombia,
na Copa da Russia. Ninguém dava pênalti ou expulsava jogador em começo de partida. Existia um período tácito de tolerância no qual um time aproveitava para impor sua autoridade sobre o outro em campo, pois o futebol, como se sabe, é 70 por cento intimidação. Os jogadores tinham uma licença para matar, ou pelo menos aterrorizar, o adversário nos primeiros minutos do jogo, sem risco de expulsão.
(Novos governos costumam merecer um privilégio parecido. Têm um período, que se convencionou ser de cem dias, para fazerem o que quiserem antes que comecem os protestos, as criticas da oposição - enfim, a vida normal. Nos seus cem dias de franquia o novo governo pode propor medidas impopulares e lançar projetos polêmicos sem temer a reação do Congresso ou do público. Ou seja, entrar como um Tonhão no calcanhar do centroavante sem medo do apito do juiz).
Damir Skomina, guarde este nome. Foi o juiz do jogo Japão x Colombia. Um esloveno. Deram pouco destaque ao feito do Damir, na minha opinião o herói dessa Copa até agora, junto com o Cristiano Ronaldo. Chutaram contra o gol da Colombia e o Carlos Sanchez desviou a bola com a mão. Damir deu o pênalti. Fez mais, expulsou o Carlos Sanchez. O jogo tinha começado havia apenas 2 minutos mas Damir não hesitou. Apitou com a convicção dos puros de espirito; Os jogadores da Colombia nem o cercaram para protestar. Cercaram, boquiabertos, para admirá-lo. Nunca tinham visto nada parecido. Por pouco não pediram seu autógrafo
O Japão ganhou da Colombia, apenas uma das surpresas da Copa, que incluiriam a vitória do Mexico sobre a Alemanha, para encher nossos corações latino-americanos, a vitória de Senegal sobre a Polonia e o triste papel da Argentina, levando 3 da Croácia. Estou escrevendo antes do Brasil x Costa Rica. Acho que chega de surpresas.



Carlos Alberto Alves

Sobre o autor

Carlos Alberto Alves - Jornalista há mais de 50 anos com crónicas e reportagens na comunicação social desportiva e generalista. Redator do Portal Splish Splash e do site oficial da Confraria Cultural Brasil-Portugal. Colabora semanalmente no programa Rádio Face, da Rádio Ratel, dos Açores. Leia Mais sobre o autor...

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