NÃO APRENDI A DIZER ADEUS...
Já aprendi algumas coisas na vida, além do que me falta aprender, pois enquanto cá estiver, estou sempre a aprender...porém, nunca aprendi a dizer adeus...
Faz-me confusão. Sempre me fez, separar-me de quem faz parte da minha vida. Desde criança, nunca pensei que as pessoas que eu amava, algum dia, teria de me separar delas. Interiorizei e capacitei-me que manter-nos-íamos eternamente juntas. Era como se o tempo estagnasse naquela felicidade intemporal, sem fim ou data marcada para o seu término.
No entanto, com o decorrer dos anos, apercebi-me que não seria bem assim. A minha vida tornou-se num dilema, um presságio, que de antemão interiorizara e que um dia chegaria. E chegou!
O único adeus que me foi imposto, foi o adeus a minha mãe. Mas esse adeus não foi definitivo, pois ela caminha viva por dentro de mim. Como tal, ficou anulado. É como se nunca tivesse acontecido, talvez uma espécie de sonho.
Cada dia que passa, sinto-a presente na minha vida, através de gestos, de palavras, das atitudes que eu tomo, e tenho a certeza que ela interfere e interage nas minhas decisões, e faz-me ver o que à priori eu não consigo enxergar, sempre com o seu espírito crítico e analítico.
As mães conhecem-nos tão bem! Até prevêem o nosso futuro. E raramente se enganam.
Oponho-me a dizer adeus! Não digo, nem nunca direi adeus a quem está presente. O adeus só serve para quem nunca amou. Ou simplesmente quando algo chegou ao fim, esgotou todas as hipóteses, ficou arrumado, pronto a descobrir outras vias, outras estradas, pontes, que conduzam a outras margens, outros amores...
Há amores, amigos e aqueles que nos são caros, que não são para dizer adeus...nunca vou dizer adeus a quem vive em mim, é intrínseco e está guardado no cofre do meu coração.
Não aprendi a dizer adeus!
20.08.2018
Graziela Veiga
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