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A UNIÃO É DOLOROSO
Já aqui escrevi em 20 de maio de 2010, que este
jornal tem sido uma casa de trajetos para muita gente, desde funcionários,
jornalistas e colaboradores. Na sequência, e em outra data, obviamente, também
escrevi sobre o exemplo de Elvino Lourenço em função dos seus 40 anos de casa.
Sintomático!
Com praticamente 120 anos de existência, o jornal A União, com maiores ou
menores dificuldades, com maiores ou menores qualidades, sempre procurou estar
em todas as frentes no que concerne à cobertura dos grandes acontecimentos, não
descurando, por outro lado, as notícias de rotina, o que, aliás, foi sempre
apanágio do vespertino hoje com a consoladora realidade de ter passado a
matutino, não obstante as dificuldades que, para o efeito, a empresa União
Gráfica Angrense deparou, dificuldades essas hoje bem patentes pelos motivos
sobejamente conhecidos e que lá chegaremos.
Foi neste jornal, puxado pela mão do saudoso amigo José Daniel Macide e com a
aquiescência dos Drs. Cunha de Oliveira (diretor) e Artur Goulart (chefe de
redação) que me iniciei na imprensa regional, após um período de colaboração em
Angola e por jornais de clubes (Ecos do Marítimo, Angrense e Lusitânia). Na
verdade, senti quando entrei no jornal o carinho de todos, inclusive de todos
os funcionários, dos quais apenas resta na atividade o já referido Elvino
Lourenço. Andei, posteriormente, num lá-e-cá, isto é, entre a Rua da Palha (A
União) e a Rua das Minhas Terras (Diário insular), até que aceitei o cargo de
coordenador desportivo, na direção e chefia de redação de dois saudosos amigos,
concretamente Manuel Coelho de Sousa e José Barcelos Mendes, seguindo-se Manuel
Carlos como chefe de redação, altura (1991) em que fui convidado para chefiar
em São Miguel o “Jornal do Desporto” a convite de Gustavo Manuel Moura e
António Lourenço de Melo.
Em A União, ainda encontrei colaboradores da velha guarda como sói dizer-se,
tais como Pedro de Merelim, Rei Bori, Manuel Dias Júnior, João Afonso, Alvarino
Pinheiro, entre outros. De outras gerações, colegas como Armando Mendes, Paulo
Barcelos, Luciano Barcelos, Eduardo Rosa, Álamo de Oliveira, para apenas focar
estes.
Foi por via da minha colaboração em A União com José Daniel Macide (No Mundo da
Bola) que cheguei a correspondente de A Bola em Angra do Heroísmo e, depois,
com o estatuto de correspondente nos Açores, quiçá pelo trabalho que fui
desenvolvendo e fundamentalmente pela minha regular presença em termos de
notícias e reportagens.
Após ter vindo para o Brasil, na sequência de passagens por Coimbra, Figueira
da Foz e Faial, voltei a este jornal, por sugestão do meu particular amigo
Eduardo Ferraz da Rosa ao editor João de Sousa Rocha. Uma colaboração como
colunista que passou de uma a duas edições. Um trabalho que me satisfez
plenamente, na exata medida em que fui recordando feitos de pessoas que já
faleceram, figuras da nossa terra (e também de outras ilhas, nomeadamente do
Faial) e assuntos pontuais advindos do que se escrevia nas respectivas edições
diárias, o que aconteceu desde 10 de maio de 2010 e manda a verdade dizer que
nunca falhei qualquer das edições que me têm sido reservadas. E isso também não
acontecerá até 31 de dezembro próximo porque até lá já tenho todos os artigos
escritos para este espaço de tempo.
A minha continuidade na escrita tem um objetivo principal, este: completar 50
anos de carreira em 10 de março de 2014 e via com enorme satisfação assinalar
este marco histórico no jornal A União, onde me iniciei na imprensa regional.
Infelizmente isso não acontecerá porque, dolorosamente, A União, uma das muitas
empresas afetadas pela crise que se vive em Portugal – e não só -, deixará de
ser diário para passar a semanário e segundo creio com uma diferente linha
redatorial, assegurada apenas por colaboradores, segundo foi anunciado.
Portanto, nesta hora de tristeza por ver desaparecer um diário que muito deu à
região dos Açores, quero aqui deixar o preito da minha gratidão a todos aqueles
que ao longo dos tempos acreditaram no meu potencial. A União, Diário Insular,
Jornal do Desporto, Açoriano Oriental, A Bola e Record, foram, ao cabo, pontes
significativas de uma carreira prestes a atingir os 50 anos, não podendo
esquecer, também, as minhas passagens pelo Rádio Clube de Angra e Rádio
Horizonte Açores.
Por fim, e em relação aos últimos dois anos e pouco de colaboração na qualidade
de colunista, agradecer aos diretores e editor João Rocha, a sensibilidade que
manifestaram para a publicação dos meus artigos. E, se como dizem, sou um dos
mais lidos via internet, creio que fiz por isso, com toda a regularidade e a
devida qualidade. Amém!
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